Participando de um laboratório sobre a realidade nacional que aconteceu no dia 9 de junho em Arica, norte do Chile, Dom Vargas, falou da sua experiência como membro da Comissão de Diálogo pela causa Mapuche: “foram seis meses de contínuos maus tratos, de todos os lados choviam duras críticas. Logo que fui nomeado membro da Comissão, as reações foram terríveis. Jamais vi tantas mentiras, calúnias e insultos gratuitos”.
Os trabalhos da Comissão consultiva para a Araucânia foram iniciados em 8 de julho de 2016 e continuaram até 23 de janeiro deste ano, quando foi entregue o relatório final à presidente Michelle Bachelet. Quase seis meses de trabalho para os 22 representantes dos vários setores da área durante os quais, segundo o Bispo, não faltaram dificuldades, mas também episódios curiosos.
“Quando nos encontramos pela primeira vez, éramos 22 desconhecidos, entre os quais a metade olhava de modo atravessado para a outra metade – disse Dom Vargas –. Cada qual fazia as contas e, em linha de princípio, cada um defendia o próprio setor. Foi então que sugeri não votar as propostas. Se apenas um de nós não estivesse de acordo, a proposta não seria aceita. No final, todos nós estávamos de acordo sobre 70 propostas”.
Ao concluir, o bispo salesiano afirmou: “segundo o último censo, há mais de 200.000 mapuches vivendo na Nona Região. O povo mapuche, e não estou falando de grupos extremistas que são muito poucos, permanece extremamente tranquilo. Das 3.500 comunidades, não são mais de 40 as envolvidas na violência. Apesar das 18 igrejas incendiadas, creio profundamente que, tirando os grupos extremistas e violentos, há uma grande dívida para com este povo”.
No final de junho o projeto da “Lei Araucana” deveria estar pronto. O texto, elaborado após as conclusões da Comissão consultiva, gerou críticas mesmo antes de ir ao Parlamento. Em particular, as comunidades acusam as autoridades de não terem sido levadas em conta na redação da lei.