O rumoroso estremeção pelo deslizamento foi grande: em poucos segundos umas trinta ‘residências’ foram sepultadas pelo lixo, por aquele mesmo lixo que, para muitas das pessoas que ali moravam, sempre constituiu uma das principais, se não a única, fonte de sustentação, da qual era possível extrair alguma coisa ainda em condições de ser reparada, reutilizada ou revendida.
‘Koshe’ – termo que na língua local – o amárico – significa “sujeira”, é o local a que por mais de 40 anos se vai levando o lixo de Adis-Abeba, numa média de 300 mil toneladas por ano. Um alarme já tinha sida dado em 2010 ( a montanha de lixo já se aproximava de habitações e de escolas. Agora ‘Koshe’ tem outro perfil. Também a barracópole que lhe nasceu perto: “As pessoas que ainda viviam na área já foram transferidas para outra zona da cidade” – disse o porta-voz da cidade, Amar Mekonen.
Os Salesianos trabalham exatamente no bairro em que se deu a tragédia, em colaboração com os Voluntários da Ongue ‘VIS’. A desgraça envolveu diretamente também a escola dos Filhos de Dom Bosco, porque alguns de seus alunos morreram. Por luto e pela busca de corpos, as aulas foram suspensa até terça-feira, 14 de março.
“As proporções da tragédia são enormes, também porque, infelizmente, quem pagou o pato mais uma vez foram os mais vulneráveis (crianças e mulheres): agentes principais nas miseráveis atividades de cata e reciclagem de lixo” – comentou Tiago Spigarelli, à Rádio Vaticana, responsável pelos Projetos do VIS, para a Etiópia.