« O objetivo desta atividade missionária foi vivenciar os Exercícios Espirituais num contexto pobre ou, pelo menos, realizar a atividade de animação salesiana com o olhar sempre voltado para a Cruz. É uma prova concreta de que, a poucos quilômetros de casa, há um mundo próximo a nós, sem fazermos dele a menor ideia.
A natureza albanesa chama imediatamente a atenção; mas, além da natureza deslumbrante, digna de nota e menção, está a grande Fé que fervilha em cada recanto. A coexistência de três religiões diferentes é algo de que poucos neste mundo se podem orgulhar. (…)
É também uma terra de martírio, de sofrimento. Um sofrimento evidente: os idosos, trazem nas rugas o símbolo daquele regime que, por anos, os destruiu a eles, aos seus filhos, aos seus netos... Nos anos de 1960, uma criança albanesa aprendia a guardar segredos antes... de aprender a falar.
Pode-se testar esta grande ferida não somente na prisão do centro da cidade de Scutari mas também na arquitetura dos edifícios, que correram para a modernidade desenfreada, esquecendo que as paredes se lembram muito bem de tudo, tanto que exalam... rigidez. (…)
A aldeia de Gur I Zi é em si uma aldeia rural, mas a esperança e a liberdade são o pão de cada dia das crianças que ali vivem: elas realmente se colocam em risco por um bem comum, o 'bem maior' do qual falava Don Bosco. (…)
A formação da manhã, a narração de histórias de vida e a perspectiva para a qual foi projetada a nossa Fé foram fundamentais para que pudéssemos nos apresentar às crianças como jovens que emprestam a sua experiência para colaborar e trazer sua maneira de viver e de ver o Cristo. (…)
Os jovens de Gur I Zi quebraram qualquer fronteira da linguagem, apertaram as mãos e nos deram sua confiança, abrindo-nos as portas de suas casas e nos fazendo sentir o bom odor da simplicidade nas relações: sem superestrutura, sem discrepância, sem prevaricação. (…)
Eles são o exemplo de que a Fé existe e, se for cultivada, preencherá a vida. A salesianidade vivida em campo não só encheu nossos corações mas permitiu que fizéssemos uma experiência concreta de vida e de Fé, porque, se o exercício espiritual não for acompanhado por paciência e ação, tornar-se-á apenas um raciocínio extemporâneo. (…)
A bandeira albanesa tem fundo vermelho e uma grande águia negra. Você não pode ensinar uma águia a voar. Aquelas asas foram quebradas. Esmagadas. Queimadas. Entretanto aquela águia continuou a flutuar - orgulhosamente - pelos céus do mundo, mostrando a todos o que é que fundamentalmente distingue as águias: a força, a resistência, a liberdade. “Faleminderit, Albania...”, Continue a voar! A voar alto! ».