Missionários Salesianos e Filhas de Maria Auxiliadora, vindos das presenças de Meruri, Barra do Garças, Primavera do Leste, Poxoréu, Nova Xavantina e Campinápolis, tiveram um encontro para diálogo fraterno com o Cardeal, na tarde deste domingo (10).
A seguir, foi a vez de os Chefes indígenas boe-bororos se reunirem com o Reitor-Mor, sempre acompanhado pelo Inspetor da Missão Salesiana do Mato Grosso (MSMT), P. Ricardo Carlos, e do Diretor da presença salesiana de Merúri, P. Ângelo César Cenerino. Os Anciãos indígenas relataram a situação vivida pela Comunidade, seus sonhos, esperanças; e ouviram, como de pai e amigo dos Boe-Bororos, palavras de paterna sabedoria.
Ao final do dia, salesianos e indígenas se reuniram ao redor da ‘cruz dos mártires’, no pátio da Casa salesiana, para a oração do Santo Terço. Após a oração, o Reitor-Mor deu a boa-noite aos presentes. Destacou a importância dos encontros tidos durante o dia, falou da sacralidade do lugar em que estavam, tanto por ser o local de sacrifício do P. Rodolfo Lunkenbein e de Simão Bororo, quanto por ser a igreja doméstica da família: lugar em que Deus realmente se manifesta com suas bênçãos.
Na manhã de segunda-feira (11), o Cardeal visitou a região de “Tachos” aonde chegaram os primeiros missionários salesianos a Merúri. Não foi possível chegar ao local preciso em que estão enterrados quatro missionários salesianos, devido às condições das estradas após as intensas chuvas que caíram na região nesse domingo.
No ponto alto da estrada - aonde foi possível chegar - o Cardeal, acompanhado pelo Inspetor e o Bispo de Barra do Garças, Dom Paulo Renato F. G. de Campos, ouviram o relato dos primeiros missionários registrado nas cartas históricas que, nesta ocasião, foram lidas pelo P. João Bosco Monteiro Maciel.
Após a leitura, o Reitor-Mor deu a “Bênção de Nossa Senhora Auxiliadora” aos presentes e ao local. Em seguida, visitou o cemitério em que estão enterrados os Servos de Deus, P. Rodolfo Lunkenbein e Simão Bororo. No cemitério, todos rezaram pelo descanso eterno das almas dos falecidos e pelo reconhecimento da Causa de Martírio dos Servos de Deus.
Acólitos com pintura facial, ofertas levadas ao altar por jovens em trajes e pinturas de festa, além de forte simbolismo cultural marcaram a Santa Missa na qual se encerrou a Visita especial do Reitor-Mor Cardeal, P. Ángel Fernández Artime à Presença missionária salesiana de Merúri, no final da manhã da segunda-feira, 11 de fevereiro.
Na homilia, Dom Ángel destacou a Fé demonstrada pelo Funcionário do Rei citado no Evangelho, pedindo pela cura do filho, comparando-a com a Fé demonstrada pelo Povo boe-bororo ao exercer sua cultura e tradições.
Finda a celebração, o inspetor da MSMT dirigiu algumas palavras de agradecimento ao Reitor-Mor, destacando o carinho que ele veio demonstrando ao longo dos últimos anos pela Inspetoria de Campo Grande, especialmente pelos Povos originários com os quais os Salesianos trabalham. Ainda afirmou que “com certeza esse carinho e atenção irão continuar quando Dom Ángel passar a exercer um outro serviço na Igreja, como Cardeal”.
Após a Santa Missa, um grupo de jovens boe-bororos apresentou uma série de danças típicas, rituais e recreativas, como homenagem aos visitantes da Comunidade. O Reitor-Mor ainda recebeu uma pintura facial em reconhecimento à Autoridade exercida. Também aproveitou o momento para atender a todos os que se aproximaram para pedir bênçãos e tirar fotografias.
Por fim, no final da tarde de segunda-feira (11), o Reitor-Mor chegou à Comunidade missionária salesiana de São Marcos, junto aos Povo originário Xavante. A recepção ao Reitor-Mor se deu de forma calorosa, principalmente por parte das crianças, que gritaram “Dom Bosco aima’rowena!”, que significa, em tradução livre: “Seja bem-vindo, Dom Bosco!”.
As palavras de boas-vindas oficiais ficaram a cargo do pároco salesiano da comunidade, P. Alfred Heidler. Ele agradeceu pela visita do X Sucessor de Dom Bosco, lembrou que o Povo xavante faz parte do sonho de Dom Bosco com as missões na América do Sul, e ainda citou pontos da Estreia para 2024, “O sonho que faz sonhar”.
Após as boas-vindas oficiais, as crianças xavantes, pintadas para festa, acorreram aos religiosos para pedir-lhes a bênção. “É a experiência de quem sente que a Igreja não é algo distante, solto, que se vive só quando se participa de uma celebração, mas que a Igreja é – no cotidiano, no dia a dia - o respeito, a forma com que eles chegam, o pedido da bênção: tudo isso faz parte de uma cultura que entra na evangelização, e de uma evangelização que entra na cultura. É um povo que não perdeu suas marcas, suas características, mas que abraçou o Evangelho e que respeita a Igreja. E isso é muito bonito também de ver”, declarou o Sr. Bispo, Dom Fernandes Gonçalves de Campos.
Esse primeiro contato com o Povo xavante motivou o Bispo a ter um carinho e atenção especiais pelos Xavantes. “Estou em Barra do Garças há um mês. E esta foi uma oportunidade abençoada por Deus. É principalmente a confirmação do sério trabalho de evangelização pelo Reino de Deus feito pelos missionários salesianos. Deus abençoe esta iniciativa e, se Ele o permitir, nós aqui estaremos mais vezes para celebrar e conviver com o Povo xavante” - afirmou.
Já no início da noite, o Reitor-Mor retornou à Aldeia São Marcos para a oração do Santo Terço. Centenas de pessoas acompanharam o andor com a imagem iluminada de Nossa Senhora Auxiliadora, rezando o terço. A cada mistério rezado, um grupo fazia uma meditação e uma homenagem, com um canto xavante, a Nossa Senhora.
Finda a oração, Dom Ángel ouviu as palavras de acolhida e de reconhecimento pelo trabalho dos salesianos junto aos xavantes, ditas pelos Chefes locais; ele ainda recebeu presentes de sua cultura. E por fim encerrou a função, ministrando sobre todos a ‘Benção litúrgica por intercessão de Nossa Senhora Auxiliadora’.
Euclides Fernandes
Fonte: Inspetoria de Brasil-Campo Grande