Depois da saudação de boas-vindas iniciais, pelos Delegados para a CS de ambas as Inspetorias Salesianas espanholas – P. Javier Valiente, Delegado da SSM (e também Delegado Nacional), e P. Carlos Martín, Delegado da SMX – os trabalhos foram abertos pela exposição sobre o tema “Da inteligência coletiva à inteligência artificial. A visão salesiana entre educação, comunicação e jovens”, pelo mesmo P. Valiente.
“A comunicação faz parte do DNA salesiano – exordiou o salesiano – . Hoje vemos Dom Bosco como um comunicador completo e ‘onicanal’, com uma visão inovativa para os tempos em que vivia. Soube criar um ecossistema de comunicação no oratório, uma máquina de comunicação perfeita. A IA é um novo modo de comunicar que se há de aprofundar para aplicá-lo à aprendizagem e à evangelização dos nossos jovens”.
Qual segunda sessão do dia, Charo Fernández Aguirre, Professora ligada à formação de “Escuelas Católicas” e experta no uso das Tecnologias da Informação e da Comunicação na educação e na formação dos professores, analisou “as vísceras” da Inteligência Artificial (IA) e como funcionam os diferentes modelos de aplicações que utilizam este tipo de inteligência, mostrando alguns indícios sobre os limites e as vantagens da sua aplicação na área da educação.
À pergunta ‘Como fazer progredir a IA na área da educação’, a relatora foi clara: “Sem pressa, mas sem trégua, porque é um modo novo de elaborar as informações: muda tudo e é irreprimível. É já uma realidade; mas os progressos se sucedem mui rapidamente”, explicou a Profra. Fernández.
Na tarde de quinta-feira se fizeram duas séries sucessivas de laboratórios/oficinas, conduzidos por especialistas dos respectivos setores, no estilo dos assim chamados “TEDx talks”, com o objetivo de fornecer aos participantes indicações acerca de como usar os instrumentos da IA visando a comunicação, a criatividade e a educação. Além disso, os presentes puderam contar com deixas interessantes deixadas por professores como Javier Monteagudo - professor que colabora com diferentes Institutos escolares na formação de professores em áreas ligadas à mudança educativa - ; e Francisco García Donate - docente universitário e membro da “Digital Communication” junto à sociedade de consultoria “LLYC Global”.
Os comentos dos participantes, depois dos laboratórios/oficinas, manifestaram uma geral surpresa, uma quase... incredulidade perante o grande potencial dos instrumentos mostrados, a par de um senso de responsabilidade e... temperança, para poder compreender melhor esta nova tecnologia, e trabalhar em grupo para ver como este novo modo de elaborar as informações possa ser utilizado, visando melhorar a aprendizagem e engendrar cidadãos mais críticos, empenhados e responsáveis por seu ambiente.
Durante a conferência, foram diversas as perguntas feitas pelos participantes, entre as quais algumas sobre a ética dos conteúdos gerados pela IA, como também dúvidas sobre o direito de autor de tais conteúdos; perguntas a que os palestrantes responderam afirmando que, tratando-se de um campo experimental e em rápida evolução - os desafios acerca dos quais os especialistas estão trabalhando são exatamente a regulamentação legal a individuação de critérios éticos comuns.
Sobre este último tema, pela manhã de sexta, 1° de março, Idoia Salazar – experta e consultora em matéria de regulamentação digital, advogada do Conselho de Estado e docente de Direito Digital – esclareceu ainda mais especificamente.
“O problema não são os instrumentos de IA, mas aqueles que os dirigem, com os riscos de manipulação, como, p. ex., pode dar-se nos campos de manipulação ideológica em política, ou outras questões semelhantes. Neste sentido, há que estar muito atentos e vigilantes acerca de tais situações; e implementar leis e critérios éticos que defendam os direitos das pessoas” - explicou a Docente.
E acrescentou: “Fizeram-se tentativas de criar um código ético global para a IA, mas não foi possível por causa da variada sensibilidade das culturas de todo o mundo. Em todos os casos, instrumentos como ChatGPT, e outros, estabelecem já regras e algoritmos no adestramento dos seus modelos de IA que não lhes permitem responder a perguntas quais ‘como fabricar uma bomba, montar uma arma, suicidar-se, cometer homicídio… E os sistemas de IA estão começando a incorporar uma série de valores como justiça, solidariedade, cooperação, empatia, igualdade de gênero, não-discriminação racial…, mas há ainda muito caminho por fazer. E neste sentido a UE já começou a regulamentar alguns aspectos para prevenir riscos para os seus cidadãos”.
A sessão de sexta-feira se encerrou com uma dinâmica de trabalho de grupo, em que os participantes partilharam e dialogaram acerca do que tinham sentido e experimentado durante a formação, consolidando os seus conhecimentos e buscando sinergias para o trabalho de cooperação entre os diversos referentes de comunicação das Presenças salesianas na Espanha.
Fonte: Salesianos.info