Assim como "quando embarcamos em diferentes caminhos na vida e na fé" e "muitas vezes não temos certeza sobre nosso destino" - e somos chamados a "nos aventurar para o desconhecido" com Deus - que "se torna nosso guia, nosso caminho, nosso companheiro de viagem" - assim "a Igreja é chamada a ser exata, a incorporar uma jornada sinodal de Fé com a certeza de que Deus nunca decepciona", disse o Cardeal. A Fé, de fato, explicou ele, "ilumina o caminho através dos momentos mais escuros e tumultuados da vida, permitindo-nos ver a graça de Deus penetrando nas sombras. E se surgirem dúvidas e ansiedades, podemos nos inspirar "em figuras como Moisés" e "mesmo que não consigamos chegar ao destino pretendido, participar da jornada será, por si só, uma bênção".
Em sua homilia, o Arcebispo de Yangon também ofereceu uma reflexão sobre o Evangelho de hoje, no qual "Jesus conta a parábola de um proprietário de terras ganancioso, cujos desejos levam à autodestruição", uma reflexão que mostra como "a ganância insaciável que habita no coração humano" leva ao "egoísmo egocêntrico". É "o pecado original que está na raiz de muito sofrimento e conflito humano", continuou o presidente da Fabc, acrescentando que "a parábola do rico proprietário de terras com seus superabundantes depósitos é uma metáfora do mundo atual, onde as guerras e a indústria de armas acumulam grande riqueza às custas do sofrimento de milhões de pessoas".
O que fazer perante tudo isso? São Paulo dá-nos uma sugestão, disse o Cardeal: acreditar "num Deus que deseja uma caminhada humana de esperança e cura"; e alinhar seus sonhos com o plano de Deus. Deus, de fato, tem um plano para cada um de nós e para a nossa Igreja, e nossos caminhos e planos devem estar alinhados com a Sua vontade", observou o salesiano Cardeal Bo.
Olhando para o mundo de hoje, o arcebispo de Yangon observou que a ganância humana já infligiu feridas profundas em nosso planeta e privou milhões de pessoas de sua dignidade. Isso foi enfatizado pelo Papa Francisco em suas ‘Evangelii Gaudium’, ‘Laudato si'’ e ‘Fratelli tutti’, que, respectivamente, pedem reconciliação com Deus, com a natureza e uns com os outros, enquanto "nossa caminhada sinodal se refere a curar e reconciliar o mundo em justiça e paz".
A única maneira de salvar a humanidade e criar um mundo de esperança, paz e justiça", disse o cardeal, "é a sinodalidade global de todas as pessoas”. Com isso em mente, a preocupação deste Sínodo "é o legado que deixaremos à próxima geração", confidenciou o cardeal Bo, lembrando o convite do Papa Francisco para considerar o "conceito de justiça intergeracional" e centralizando sua reflexão no aquecimento global que "devastou as comunidades e os meios de subsistência de milhões de pessoas, ameaçando exterminar-lhes a próxima geração".
"Como Bispos da Ásia, estamos bem cientes dos danos ambientais infligidos à nossa região por desastres relacionados com o clima", continuou o Arcebispo de Yangon. "Temos uma população significativa de comunidades cristãs indígenas, particularmente no Mar do Sul da China, na Índia central, no Vietnã e em Mianmar. Essas são comunidades que 'protegeram a natureza, mas também sofreram com as ideologias modernas, a colonização e a exploração de recursos' – daí o apelo do Cardeal para que voltemos nossa atenção para 'a destruição de enormes extensões de florestas, os pulmões do nosso planeta nessas regiões, e o aumento da violência contra esses povos indígenas'.
"A Ásia é o berço das principais religiões do mundo e é nessa região que a mensagem de Jesus criou raízes pela primeira vez", observou o presidente da Fabc, falando também da Igreja local, que "enfrentou vários desafios ao longo da história", mas "permanece vibrante e jovem" apesar das dificuldades. "Mas essa reunião sinodal também nos estimulou a voltar aos grandes dias de evangelização dos apóstolos", revelou o cardeal Bo, pedindo que acolhêssemos "com otimismo o convite para que a Ásia se volte no século XXI para Cristo, inspirada pela jornada sinodal da Igreja global".
Tiziana Campisi
Fonte: Vatican News