Grande a emoção para toda a Família Salesiana (FS) quando o Santo Padre Francisco pronunciou a fórmula oficial de criação dos 21 novos cardeais; e maior ainda quando com o Reitor-Mor ajoelhado à sua frente, lhe impôs o solidéu, o barrete de cor púrpura e o anel cardinalício; e, mais, lhe atribuiu publicamente a Diaconia “salesiana” da Igreja de Santa Maria Auxiliadora, na Via Tuscolana.
O sucessivo momento do abraço do Card. Fernández Artime ao Santo Padre foi, a um só tempo, gesto simbólico, sinal de fidelidade no serviço à Igreja, expressão de vizinhança e afinidade entre os dois pastores.
Anteriormente, o solene rito vira o primeiro dos 21 cardeais indicados, o agostiniano Cardeal Robert Francis Prevost, Prefeito do Dicastério para os Bispos, dirigir em nome de todos uma mensagem de homenagem e agradecimento ao Pontífice: sublinhou o Cardeal quanto o cardinalato traga consigo ‘onòri’ (honras), mas sobretudo ‘òneri’ (ônus), e a sensação de insuficiência dos neocardeais, perante a enormidade do serviço a que agora são chamados. Todavia, em espírito de confiança na Divina Providência e na longividência do Pontífice, renovou a adesão de todos ao encargo atribuído, a ser levado adiante com absoluta dedicação, máxima humildade e total lealdade.
Depois da leitura do trecho evangélico do Pentecostes (At 12,1-11), o Pontífice apresentou alguns tópicos aos neopurpurados – válidos, entretanto, para todos os membros do Colégio Cardinalício.
“Antes de ser apóstolos – sacerdotes, bispos, cardeais... – somos «Partos, Medos, Elamitas…». E isto deveria despertar em nós o estupor e o agradecimento, por termos recebido a graça do Evangelho em nossos respectivos povos de origem. Julgo isto muito importante e de se não esquecer”, afirmou o Papa, exortando os neoeleitos a conservarem “estupor e reconhecimento” pela ação do Espírito Santo que chegou até eles em suas línguas e povos, através da mediação de tantas pessoas: pais, avós, catequistas…
Por isso, continuou Francisco, quase a querer sugerir um estilo pastoral feito de proximidade e simplicidade, é importante lembrar que “a fé se transmite em dialeto”, e que antes de ser “evangelizadores” fomos todos “evangelizados”.
O último tópico do Santo Padre foi a universalidade do Colégio Cardinalício, expressão de uma “sinfonicidade” e “sinodalidade” próprias de toda a Igreja. “A diversidade é necessária, indispensável. Mas cada som deve concorrer para o fim comum. E para isso é fundamental que haja escuta recíproca… E que o regente da Orquestra esteja a serviço dessa espécie de milagre que se opera todas as vezes que se executa uma sinfonia”.
E é exatamente a imagem da orquestra, concluiu o Santo Padre, que nos ensina “a ser cada vez mais e melhor Igreja sinfônica e sinodal, na consoladora confiança de que temos como maestro o Espírito Santo: maestro interior de cada um, maestro do caminhar juntos”, maestro que “cria variedade e unidade”, maestro que “é a mesma Harmonia”.
A celebração se concluiu com a Bênção Apostólica aos perto de 12000 Fiéis presentes na Praça de São Pedro para este dia de festa; os quais - ainda sob um sol de estio - em grande parte se puseram em fila para as tradicionais “visitas de cortesia” aos Neocardeais, pelos corredores do ‘Palazzo Apostolico’ vaticano.