Vatricano – O Bom Samaritano, inspiração para os que "habitam" as mídias sociais

30 maio 2023
Foto: Vatican News

(ANS – Cidade do Vaticano) – "Rumo à presença plena" é o título do documento do Dicastério para a Comunicação publicado na segunda-feira, 29 de maio.  O objetivo é promover uma reflexão compartilhada sobre o envolvimento dos cristãos com as mídias sociais, que se tornaram cada vez mais parte da vida das pessoas. Inspirado na parábola do Bom Samaritano, ele pretende iniciar uma reflexão compartilhada para promover uma cultura de ser um "próximo amoroso" também na esfera digital.

No contexto da mídia social, onde os indivíduos são frequentemente consumidores e mercadorias, essa reflexão pastoral busca uma resposta baseada na Fé. Essa resposta começa com o discernimento dos estímulos que recebemos e com uma escuta intencional. A atenção, juntamente com um senso de pertencimento, reciprocidade e solidariedade, são os pilares para a construção de um sentido de união que, em última análise, deve fortalecer as comunidades locais, fazendo-as capazes de se tornar motores de mudança. Ao nos tornarmos "tecelões da comunhão" por meio da criatividade do amor, podemos imaginar novos modelos construídos com base na confiança, na transparência e na inclusão, aprendendo a estar presentes no estilo de Deus e a levar o sinal do testemunho.

A revolução digital certamente criou oportunidades, mas apresenta muitos desafios. O documento identifica várias ciladas a serem evitadas ao percorrermos as "rodovias digitais". Desde a redução de usuários singularmente considerados a consumidores e mercadorias, até à criação de "espaços individualistas" que têm como alvo pessoas que pensam da mesma forma ou incentivam comportamentos extremos – a viagem pelo ambiente on-line é um percurso em que muitos foram marginalizados e feridos. Para os cristãos, isso impele a perguntar-se: como podemos tornar o ecossistema digital um local de compartilhamento, colaboração e pertencimento, com base na confiança mútua?

Tornar-se "próximo" no ambiente da mídia social começa com uma disposição para ouvir, sabendo que aqueles que encontramos on-line são pessoas reais. Mesmo num ambiente caracterizado pela "sobrecarga de informações", essa atitude de escuta intencional e de abertura de coração nos permite passar da mera percepção do outro para um encontro autêntico. Podemos começar a reconhecer nosso próximo digital, percebendo que seus sofrimentos nos afetam. Nosso objetivo é construir não apenas "conexões", mas encontros que se tornem relacionamentos reais e fortaleçam as comunidades locais.

Em nossa viagem pelas "rodovias digitais", podemos encontrar os outros com espírito de espectador indiferente ou com espírito de apoio e amizade. Nesse último caso, nós - que às vezes somos o bom Samaritano e às vezes o ferido - podemos começar a ajudar a curar as feridas criadas por um ambiente digital... tóxico. Precisamos reconstruir os espaços digitais para que se tornem ambientes mais humanos e mais saudáveis. Ao mesmo tempo, pode-se ajudar a tornar esses ambientes mais capazes de promover comunidades reais, com base naquele encontro encarnado que é indispensável para aqueles que acreditam na Palavra que se fez carne.

Os cristãos trazem para a mídia social um "estilo" diferente, um estilo de compartilhamento que tem sua origem em Cristo, que nos amou e se entregou por nós com suas palavras, suas ações, sua alma e seu corpo. Ele nos ensinou que a verdade é revelada na comunhão e que a comunicação também brota da comunhão, ou seja, do amor. A presença dos cristãos na mídia digital deve refletir esse estilo, para comunicar informações verdadeiras de maneira criativa, de uma forma que brote da amizade e construa a comunidade. Esse estilo fará uso de histórias; exercerá sua influência on-line de maneira responsável, à medida que os cristãos se tornarem "tecelões de comunhão"; será reflexivo, não reativo; será ativo no fomento de atividades e projetos que promovam a dignidade humana; e será sinodal, ajudando-nos a abrir nossos corações e a acolher nossos irmãos e irmãs.

Essa presença dos cristãos na mídia social também terá a marca do testemunho. Os cristãos não estão ali para vender um produto ou fazer proselitismo, mas sim para dar testemunho. Isto é: estão ali para confirmar, com suas palavras e vidas, o que outra Pessoa - Deus - fez, criando uma comunhão que nos une em Cristo. Quer os cristãos sejam às vezes o ferido, às vezes o samaritano - ou ambos - , seus encontros ocasionais nas plataformas de mídia se tornam encontros com um próximo cuja vida lhes diz respeito e, portanto, com o Senhor. Dessa forma, a comunicação oferece um vislumbre da comunhão que está enraizada na Santíssima Trindade e é a nossa verdadeira "terra prometida".

O texto integral do documento

Fonte: Vatican News

InfoANS

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