Atualmente, o P. Codera, que sempre foi muito ativo no campo da comunicação, é muito popular pelo conteúdo que publica nas redes sociais, por suas intervenções na televisão e pelo grupo que criou junto com outros sacerdotes e que, na Espanha, se conhece como "Curas Locos" (Padres Loucos).
Seu último projeto, levado adiante com algumas turmas da Escola salesiana "Santíssima Trindade", de Sevilha, é evangelizar os alunos usando a inteligência artificial.
A sua é uma ajuda que chega num momento em que a Igreja enfrenta um grande desafio: recuperar a Fé dos jovens. O cenário é complexo: de acordo com o relatório do Centro de Pesquisas Sociológicas, de julho de 2021, a Espanha é menos católica do que nunca. A porcentagem de pessoas que se consideram católicas caiu de 90,5% em 1978 para 55,4% em 2021. E é entre os jovens que a ausência de Fé é mais evidente. A maioria da faixa etária de 18 a 24 anos, de fato, se define como ‘não credente’; e este ano, pela primeira vez na história, o número de seminaristas maiores na Espanha diminuiu, de acordo com as estimativas fornecidas em março pela Conferência Episcopal Espanhola.
Diante desses números é que está o experimento do padre salesiano. A ideia é envolver os alunos nesses aplicativos de ponta e relacioná-los com a religião. "Desde que começamos a usar alguns aplicativos baseados na inteligência artificial, notei um aumento significativo em sua motivação e interesse em aprender", afirmou o P. Codera.
É de se perguntar, então, quais sejam as dinâmicas da inteligência artificial dirigidas aos alunos. "Depende do ano que frequentam – diz o P. Codera – . Os mais pequenos, por exemplo, trabalham com um aplicativo chamado ‘Léxica’, que desenvolve imagens diferentes com base na descrição fornecida. Os alunos indicaram uma lista de 31 valores cristãos, pedindo que fosse gerada uma imagem com uma mensagem que os reforçasse". Daí a imagem de Jesus Cristo com um laptop e um ‘smartwatch’.
Os alunos mais adiantados, por outro lado, estão envolvidos em projetos mais complexos e estão até mesmo editando um livro, que será inteiramente escrito pela inteligência artificial, de acordo com os parâmetros e informações fornecidos pelos alunos. «Ainda não há um título definitivo, mas será algo como 'Os pilares de uma pessoa de bem' – continua o P. Codera – . Será um livro de 40 capítulos; cada capítulo conterá 25 frases que a inteligência artificial elaborou com base nos valores que lhe foram explicitados. No total, o livro conterá 1.000 frases».
A ideia é, portanto, combinar diferentes instrumentos atuais para despertar interesse por um assunto como a Religião. O salesiano continua explicando: "Traçamos a rota das Viagens Missionárias de São Paulo Apóstolo, obtendo os dados ordenados pelo livro dos ‘Atos dos Apóstolos’ e desenhando as linhas das diferentes viagens no ‘Google Maps’. Também fizemos apresentações automáticas sobre a Semana Santa, às quais depois cada aluno deu um seu toque pessoal, modificando-as com outro aplicativo".
Funciona? A resposta é sim. Os alunos da Escola Salesiana envolvidos no projeto dizem que, graças à tecnologia, a religião se tornou uma de suas matérias preferidas.
Cuidado, porém, com os desafios apresentados pelo uso da inteligência artificial. Recentemente, a Agência Espanhola de Proteção de Dados (AEPD) iniciou uma pesquisa sobre a "OpenAI", proprietário do conhecido aplicativo "ChatGPT". Isto levará a ter um início de cautela na utilização desses aplicativos.