Jamil, seus pais e irmãos dormiam no 11º andar de seu prédio quando o terremoto atingiu a Síria e a Turquia, na madrugada do dia 6 de fevereiro de 2023. Ele conta: "Não sei como conseguimos descer todos os andares; mas conseguimos nos proteger". Eles só puderam voltar para casa depois de muitas semanas, durante as quais foram acolhidos pelos salesianos em Alepo. “Voltamos para casa, mas meu pai não conseguia dormir: tinha dificuldades para respirar e seu coração batia forte; agora dorme na pequena loja onde trabalha”, diz.
O terremoto agravou a situação sanitária do país, situação que já era dramática devido à guerra. Foram identificados casos de cólera, sarna, diarreia, hepatite, sarampo; mas devido à falta de médicos e de infraestrutura, os hospitais particulares, inacessíveis para a maioria, são a única solução. De acordo com as Nações Unidas, mais de 9.000 prédios desabaram na Síria, e muitos outros estão arruinados. Estima-se que 8,8 milhões de pessoas foram afetadas por esse desastre natural e precisam de assistência... emergencial.
Para enfrentar o trauma e prestar apoio psicossocial aos habitantes de Alepo, os salesianos de Damasco organizaram três sessões, de três dias cada, dedicadas ao acolhimento de cerca de 25 a 30 jovens Animadores da Casa Dom Bosco, de Alepo. “A iniciativa foi maravilhosa para os jovens. Por um lado, foram os primeiros dias após o terremoto em que todos conseguimos descansar e dormir bem. Por outro, foi uma maneira de recarregar as baterias para poder continuar ajudando os mais necessitados nesta Semana Santa”, conta Mateo Colmenares, voluntário salesiano de Alepo.
Em Aleppo, milhares de pessoas ainda não podem voltar para as suas casas. Os salesianos retomaram as atividades destinadas a 1.100 crianças e adolescentes, sem esquecer a população atingida pelo terremoto. Nestes dias, muitas famílias se dirigem ao centro "Casa Dom Bosco" para comemorar a Páscoa em ambiente marcado pela esperança como única âncora.
“Nas primeiras semanas de março, todas as pessoas que acolhemos puderam voltar para as suas casas ou se mudaram para instalações temporárias alugadas. Continuamos ajudando a essas 200 famílias com a distribuição, cada 20 dias, de vales-alimentação, produtos de higiene e combustível. Para aqueles que temem que suas casas ainda não estejam seguras, oferecemos engenheiros qualificados para avaliar os danos e receberem assistência financeira para se reabilitarem”, explica Colmenares.
Além de um projeto de instalação de painéis solares na Casa Dom Bosco de Alepo, para não precisar depender de combustível e geradores durante as 22 horas do dia em que não há eletricidade, os salesianos criarão outro projeto para garantir assistência médica e acompanhamento a mais de 200 pessoas cuja saúde cardiovascular se deteriorou devido ao terremoto e aos tremores secundários.
Até agora, as Organizações Salesianas Internacionais cobriram as necessidades da população atingida pelo terremoto, destinando 1,8 milhão de euros; "Misiones Salesianas" (Procuradoria Missionária Salesiana), de Madri, enviou quase € 400 mil - destinados à ajuda de emergência em Alepo e ao acolhimento na Casa de Kafroun (mais de € 100 mil); à resposta educativa em Aleppo (€ 77 mil); à instalação de painéis solares (€ 50 mil); e aos projetos de reconstrução previstos para os próximos meses (€ 160 mil).