RMG – Redescobrindo a "Carta de Roma" de 1884 ou o "Evangelho de Dom Bosco"

13 maio 2022

(ANS - Roma) - Entre as celebrações que fazem de maio um mês "salesiano", além das celebrações de muitas figuras de santidade e da festa de Maria Auxiliadora, está também a data de 10 de maio na qual Dom Bosco, em 1884, escreveu a sua famosa "Carta de Roma", um quase testamento espiritual do Santo dos Jovens. A razão pela qual escreveu a famosa carta era o perigo de perder a presença física dos salesianos entre os jovens, o perigo de perder a capacidade conatural de entender sua cultura e do amor transparente, familiar e bom, que revela Deus e os conquista para Deus. Neste momento, em que toda a Congregação é chamada a aprofundar o valor do " sacramento salesiano da ‘presença’ " e do acompanhamento, pode ser útil reler essa Carta, valendo-se da contribuição iluminadora que o P. Pascual Chávez, Reitor Maior emérito, ofereceu há pouco mais de dois anos, quando a comentou por ocasião do 28º Capítulo Geral da Congregação.

A Carta de Roma contém a nota máxima de Dom Bosco: “Que os jovens não somente sejam amados, mas que eles mesmos percebam que são amados”.

“É, certamente, o significado mais transparente da carta, enunciado do grande princípio que poderíamos chamar de “visibilidade do amor” – sugere o P. Chávez. Nos textos do Novo Testamento o amor se associa à luz, como irradiação da mesma Luz que é Deus

E o amor que os salesianos demonstram pelos jovens se poderia comparar a uma pequena Transfiguração.

Há, pois, que verificar, aprender, inventar as linguagens do amor, de que o salesiano deve ser um apaixonado cultor, no sentido que Dom Bosco dava a essa palavra: “dedicação, empenho, paixão”.

“Hoje – continua o P. Chávez – este é, parece-me, o desafio fundamental do educador: fazer entender que ele realmente ama, que ama para sempre, que ama tudo o que é humano que surge diante dele e é revelado e modificado com o passar do tempo; demonstrar que ama mesmo diante da rejeição, do esquecimento, da distorção ou do uso oportunista do amor; e levar assim ao convencimento do amor, ou seja, fazer nascer a convicção interior de que somos dignos de amor e que somos, ainda mais, capazes de amar (é a percepção do próprio valor inalienável, o fundamento da dignidade, a raiz de toda autêntica esperança); e fazer intuir (mas isso também é graça) a existência de uma Fonte, que, para mim e para ti, está sempre aberta e disponível, sempre inexaurível em sua inesgotável riqueza”.

A genialidade pedagógica de Dom Bosco se exprime noutra extraordinária frase: “Que sendo amados, com o participar nas suas inclinações infantis, naquelas coisas que lhes agradam, passem a ver o amor naquelas coisas que naturalmente não lhes agradam tanto, quais a disciplina, o estudo, a mortificação de si mesmos, e aprendam a fazer essas coisas com amor”.

“Há, pois, um elemento de racionalidade que deve intervir, ou seja, a necessidade de um conhecimento que o educador salesiano deve adquirir e pelo qual deixar-se guiar: conhecer os jovens, compreender suas situações, seus problemas, suas necessidades para saber enfrentá-los”.

Em ambas as direções o amor se torna encontro, confiança, colaboração operosa e cordial, e, sobretudo, a    alegria e a felicidade de “sentir-se bem juntos”.

E para Dom Bosco a felicidade é um caminho privilegiado para a evangelização (“Ver-vos felizes no tempo e na eternidade”) e uma estrada que abre para Deus.

O texto completo da reflexão do P. Chávez está disponível no site SDB.org

InfoANS

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