Nos anos da escola, Mariacristina manifesta-se uma menina serena e positiva, aberta a todos. Em sala de aula é uma presença decidida, mas discreta. Diz um companheiro: «Alegre e divertida, era determinada, não tinha meio termo de valores. Era, entre nós, uma «autoridade reconhecida, mas sempre a serviço».
A marca do carisma salesiano está presente no seu empenho de animadora do oratório e catequista da Paróquia “Sagrada Família” de Cinisello Balsamo, onde residia, tanto que no seu Diário anota alguns princípios de Dom Bosco sobre a educação.
Atingida por um tumor maligno na perna esquerda, após intervenção e terapia, retorna à classe, marcada pela enfermidade, sorridente e ansiosa para se recuperar. “Nenhuma ausência mais do que o necessário. Vontade, decisão, consciência, desejo de não pesar sobre os outros. Nunca voltada sobre si mesma”, testemunha uma professora FMA”. ”Sua atitude provinha de uma força interior inexplicável, que se revelou, mais tarde, no seu Diário Espiritual. Cristina nunca fez nada de extraordinário, mas sempre extraordinariamente bem o que devia fazer”. Prepara-se ao exame de madureza apoiada pela amizade e afeto dos/das colegas de classe, concluindo o Liceu com um resultado mais do que bom.
Do seu Diário espiritual aparece um grande apego à Eucaristia, com a participação na S. Missa quotidiana, longas paradas na capela, diante do Santíssimo e uma vida de oração “decididamente intensa”.
O encontro com um jovem, Carlo Mocellin, no final das férias, passadas na província de Vicenza com os avós, leva-a à escolha do noivado e, em breve, ao matrimônio: em 2 de fevereiro de 1991, Carlo e Mariacristina celebram a sua união perante Deus e se estabelecem em Carpané (VI).
Dez meses após o matrimônio, nasce Francisco, seguido após um ano e meio por Lúcia. Enquanto está grávida do terceiro filho, Riccardo, o tumor em sua perna reaparece. A jovem mãe não hesita em continuar a gravidez, renunciando ao tratamento para não prejudicar a vida da criança, que nasceu saudável e vivaz em julho de 1994. Em 22 de outubro de 1995, após um caminho de entrega e abandono ao Pai, amado e buscado ao longo de sua vida, Maria Cristina nasceu para o céu.
Impressionado pelo testemunho de fé autêntica e de doação, no dia 8 de novembro de 2008, o Bispo de Pádua, Mons. Antônio Mattiazzo, abriu a Causa de Beatificação de Mariacristina Cella Mocellin. A fase diocesana do processo termina no dia 18 de maio de 2012, na igreja paroquial de Valstagna (VI). A Congregação das Causas dos Santos expressou parecer favorável, submetendo o relatório ao Santo Padre, que em 30 de agosto de 2021 autorizou o Decreto de Venerabilidade.
As “virtudes heroicas” de Mariacristina são o fruto de uma vida vivida a cada momento “extraordinariamente”, testemunhando a beleza da fé cristã até ao sacrifício de si, para gerar nova vida.
Os/as colegas de classe, ex-alunos/as das FMA, que guardam viva sua memória, através da Associação dos Amigos de Cristina, continuam a dar testemunho dela, promovendo o caminho para a declaração de Santidade.