Itália – P. Antúnez (Missões Dom Bosco) comenta a viagem do Papa à República Democrática do Congo: “Fortalecidos em nossa missão”

Foto ©: Missioni Don Bosco

(ANS - Turim) - Compartilhar a vida com os pobres, dia após dia, em aldeias onde muitas vezes não há água nem eletricidade, longe das grandes cidades: esta é a escolha – que abrange obviamente a educação das crianças e dos jovens - feita pelos cerca de 100 salesianos que vivem em mais de uma dezena de comunidades na República Democrática do Congo (RDC). “Esperamos ser fortalecidos em nossa missão e em nossa vocação com a visita do Papa Francisco. Fortalecidos por um Papa que tem os pés na terra e o coração no céu. Fortalecidos pelo testemunho de um homem que faz o bem, que tem sensibilidade evangélica pelos pobres, que é Evangelho!”, afirma categoricamente o P. Daniel Antúnez, 63 anos, Presidente de "Missioni Don Bosco", de Turim.

“Ir ao Congo e encontrar aquela pobreza nua e crua, ver tantos necessitados, também nos fará bem: mostrará ao mundo aquela situação - que nem eu mesmo conhecia antes da viagem que fiz à África no verão passado – e que para mim também significou agradecer à vida pelo tanto que me deu”, prossegue o salesiano, que ainda cita o termo “fortalecidos” diversas vezes, com aquele sotaque típico que lembra o Papa Francisco: “Sim, eu também sou da Argentina e em dezembro estive no Vaticano para me encontrar com o Papa: ele está ciente do que estamos fazendo no Congo”.

É uma presença, a dos salesianos na RDC, que remonta a 1911, quando os Filhos de Dom Bosco fundaram a primeira missão visando dedicar-se imediatamente à educação das crianças, enquanto hoje, de acordo com o P. Antúnez, "temos uma variedade de compromissos missionários, desde oratórios até às paróquias, dos grupos sociais ao cultivo de hortas. E sempre - faço questão de enfatizar - nas aldeias onde vivem os mais pobres. Para nós, são eles os destinatários das missões, sempre no espírito de Dom Bosco. Meus coirmãos poderiam ter feito outra escolha, ir para outro lugar; mas escolheram os mais necessitados, a extrema pobreza. E, quando fui ao Congo, pude ver de perto aquela pobreza que é  impossível de se descrever”.

Por isso, observa o Presidente de "Missioni Don Bosco", é urgente oferecer uma resposta a tantas necessidades, a começar pelas das crianças: "Agora, por exemplo, estamos construindo outra escola porque muitos não têm acesso à educação. Sim, eles precisarão caminhar por muitos quilômetros para alcançá-la, mas pelo menos terão uma chance. Porque, poderemos até dar-lhes comida, roupa e remédios - como de fato damos - , mas somos educadores, com uma escolha precisa, como mencionei: de viver entre eles”.

Durante sua viagem à África, uma das realidades da pobreza extrema que ele conheceu em primeira mão foi Mbuji Mayi: “Ali vivem 4 milhões (!) de pobres e apenas 20% contam com água e eletricidade. Vejo pessoas que sempre andam no escuro. Lá você não precisa pensar ‘sabe-se lá o quê’: lá você precisa alimentar aquelas crianças, levar-lhes... água!”.

Naquela missão, ele conheceu o P. Mario Pérez, venezuelano, que há mais de 40 anos vive na RDC acompanhando de perto os casos de violação dos direitos das crianças, em particular o fenômeno das "crianças bruxas", muitas vezes órfãs, deficientes ou albinas que são acusadas ​​de bruxaria: são crianças forçadas a deixar suas casas e viver nas ruas. Os salesianos saem às ruas todos os dias para poder encontrar-se com elas e convencê-las a acompanhá-los até o centro de proteção e acolhimento, onde podem garantir-lhes assistência médica e alimentação. Num segundo momento, procuram também integrá-las num percurso educativo, composto por dias dedicados a partilha e a brincadeiras com as outras crianças acolhidas.

E também há as mulheres, as mães: “A situação delas é desastrosa; nós as ajudamos dando-lhes oportunidade de cultivar hortas para que possam alimentar seus filhos e vender alguma coisa no mercado”. Para essas meninas e mães em dificuldade, os salesianos também criaram programas de formação profissional. Nos últimos meses, 166 jovens se formaram como costureiras, cabeleireiras e cozinheiras.

Todavia, a situação geral continua, no mínimo, desastrosa..., inclusive do ponto de vista sanitário, com o Covid-19, também com o vírus Ebola (que periodicamente reaparece) e com a malária, que no Congo causa ainda mais mortes do que as demais doenças.

Diante deste cenário, os salesianos não recuam, nem de um centímetro: ao contrário, respondem intensificando o esforço missionário, como por exemplo nos territórios onde ainda existe a exploração de menores em minas.

“Nossos missionários – o P. Antúnez retoma o conceito que lhe é caro – estão certos do que fazem e de como o fazem. Claro que também existe um sentimento de impotência e uma grande preocupação com a sobrevivência de tantas crianças, de tantos pobres. Mas, olhamos para o futuro. E o nosso futuro é fortalecido por muitos Benfeitores ao redor do mundo. E, agora, o será, acima de tudo, pela visita do Papa Francisco - um grande pontífice missionário que caminha pelo nosso mesmo trilho”.

InfoANS

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