Pensei: que triste figura, este padre ignorado pelos jovens aos quais se consagrou!
O cenário tecnológico e de valores da geração dos millennials é radicalmente diverso daquele de seus predecessores. Isso influencia profundamente o tipo de relações que têm com seus educadores e, como consequência, o nosso modo de estar com eles e, sobretudo, o que significamos em suas vidas.
Esse tipo de situação preocupa não só os Salesianos, mas a Igreja inteira. Infelizmente, os jovens se afastam de nós, evidenciando muitas vezes que não entendem nem mesmo o que dizemos quando lhes propomos a nossa fé. Parece que há um hiato entre os seus interesses e valores e a nossa proposta de vida.
O Reitor-Mor, em vista do Capítulo Geral 28, convidou-nos a perguntar diretamente aos jovens das nossas obras sobre o que pensam de nós e do nosso testemunho e como nos veem hoje. Serão perguntas sobre a figura de Salesiano que eles sonham e também sobre as falhas no nosso serviço, sobre o que nos pedem para fazer a fim de realizar a nossa missão... Os resultados dessa sondagem serão de grande ajuda para obter informações sobre o ponto de vista daqueles aos quais servimos.
Não é algo inédito em nossa Congregação. O próprio Dom Bosco sempre escutava os seus jovens. Para ele, era um ato de respeito e de afeto sincero: escuta-se a quem se ama, dá-se atenção a quem é importante em nossa vida. E Dom Bosco amava os seus jovens com todas as suas forças.
Amar requer sintonizar-se com o outro, para poder comunicar.
Chegou, certamente, o momento de fazermos um pouco de silêncio e deixar de pensar que sabemos tudo do que precisam. Talvez, tenha chegado o momento de escutar e procurar entender o que os nossos jovens pedem de nós.
Não esperemos encontrar apenas rosas nas respostas às nossas perguntas. Mas será importante ficar atentos aos espinhos, porque se os jovens responderem realmente com liberdade, eles nos dirão coisas que, talvez, não nos agradarão e causarão dor. Para muitos jovens das nossas obras, certamente, já significamos pouco e nos tornamos invisíveis nas suas vidas, simples administradores dos espaços em que vivem.
Em alguns Países, os nossos oratórios estão sendo fechados, os pátios são territórios que já não nos pertencem, a presença dos jovens aos sacramentos diminui e nós somos ignorados. Em outros lugares, os jovens estão ao lado dos Salesianos, a Congregação cresce, enquanto os jovens e adultos colaboram na nossa missão. São realidades bem distintas. Na primeira situação, o diálogo servirá para buscar as causas da distância dos jovens; no segundo, para explorar novas formas de apostolado e verificar como podemos responder melhor aos novos contextos.
Há uma pergunta fundamental para os jovens: “como tu podes ajudar-nos na nossa missão?”. É uma pergunta central, porque propõe a esses jovens sonhar conosco sobre novos modos de alcançar seus coetâneos, sobre novos métodos para evangelizar... Sobretudo, convida a caminhar juntos: Salesianos, jovens e colaboradores leigos, num movimento único.