Uma iniciativa de destaque, criada há alguns anos, é a "Casa Dom Bosco", atualmente constituída por dez internatos, construídos ao lado de escolas ou paróquias salesianas, para acolher crianças pobres, geralmente meninos com problemas familiares, não órfãos, mas provenientes de famílias numerosas, com pais doentes e impossibilitados de trabalhar, filhos de mães solteiras, ou meninos pobres que chegam das aldeias mais distantes, cujos pais não teriam condições de pagar por uma faculdade pública.
Geralmente cada "Casa Dom Bosco" acolhe cinquenta crianças, que ali vivem em ambiente familiar.
A última fronteira de pobreza que os salesianos do Peru precisaram administrar foi a onda de refugiados venezuelanos, cerca de um milhão em todo o país. Na ocasião, os salesianos decidiram designar uma das alas vagas do colégio salesiano de Lima para estabelecer um centro de acolhida para os meninos da Venezuela. Atualmente, o local acomoda 52 jovens, de 18 a 25 anos.
A alma deste apostolado é o P. José Valdivia, Ecônomo Inspetorial da Inspetoria do Peru que, depois de passar o dia inteiro entre papéis e formulários, recarrega suas energias colocando-se a serviço desses meninos. Ele os encontra após o jantar – uma vez que os jovens são imediatamente encaminhados para o trabalho logo cedo e voltam tarde, após 10-12 horas – e permanece com eles neste período, que é quando o sistema educacional de Dom Bosco encontra seu espaço natural.
Entre um bate-papo e outro, ele encontra espaço para dizer uma boa palavra, sentir o sofrimento daqueles que ficam em silêncio ou ouvir as confidências pessoais daqueles que não têm mais ninguém com quem desabafar...
Junto com o P. José, o P. Marino Del Prà, um missionário de 88 anos que reside no lar de idosos, o qual – depois de ter sido convidado uma vez para conversar com os meninos nunca parou de ir lá – , também conversa com os rapazes: ele os enxerga com toda a riqueza de sua longa experiência de padre e educador, os consola e encoraja, e escuta aqueles que desejam se confessar...
Por fim, não podemos deixar de mencionar Roxana, a cozinheira do centro, uma senhora com um sorriso largo e bom, que prepara e distribui o jantar quando os jovens voltam cansados do trabalho. Ela também é um ponto de referência indispensável para esses jovens, que estão longe da família e da própria mãe.
O P. Valdivia, o P. Del Prà, a Da. Roxana... são os novos Dom Bosco, P. Borel e Mamãe Margarida para esses jovens, que da Venezuela chegam a Lima.