Mas a importância desse monumento religioso se radica em sua mesma concepção, quando foi projetado para ser o templo da gratidão a Deus pelo Centenário de Independência, celebrado em 1921.
Em 1916, os Salesianos, presentes no Peru desde 1891, chamaram a guiar o projeto o (Salesiano.NdT) Sacerdote e Arquiteto Ernesto Vespignani, italiano, residente em Buenos Aires, onde acompanhara os trabalhos do templo salesiano dedicado a São Carlos Borromeu e a Maria Auxiliadora. Uma vez apresentado o projeto oficial, ele foi aprovado como Homenagem Nacional pelo Centenário da Independência do Peru.
Os Salesianos logo se deram à arrecadação de fundos, dirigida pelo P. Carlos Pane, e foram os mesmos Fiéis - locais e nacionais – os que financiaram a obra. Todavia, em 1920, pelo estado de avançamento dos trabalhos, se compreendeu que não teria sido possível dispor do templo completo para o ano seguinte. De fato, aos 28 de julho de 1921, data central das celebrações do Centenário, o Templo estava inacabado. Assim mesmo, aos 30 de julho de 1921, à presença do Presidente da República, Augusto Leguía, o Templo foi solenemente inaugurado.
Entre 1921 e 1924, os trabalhos prosseguiram; e no dia 8 de dezembro de 1924, por ocasião das celebrações pelo Centenário da Batalha de Ayacucho, foram inauguradas as demais partes da igreja, novamente à presença do Presidente Leguía.
Hoje, quase um século depois da sua construção, a ‘Basílica’ de Maria Auxiliadora, título que recebeu em 1962 do Papa João XXIII, se consolidou não somente como pedra miliar e da arquitetura da cidade mas também como o principal depositário da arte religiosa do Século XX, em Lima. Ela guarda a policromada Imagem de Maria Auxiliadora – obra das Oficinas Salesianas, de Sarriá, Barcelona, Espanha (1921) – ; o maior Órgão de tubos elétricos em funcionamento no Peru, obra de Giovanni Tamburini, de Crema (1934); e muitas outras criações de artistas nacionais e estrangeiros.
Trata-se, certamente, de um catálogo completo da Fé do Povo Peruano feito arte. Disse bem um salesiano num escrito de 1917, quando este templo tinha apenas iniciado a receber os primeiros tijolos: “Será um monumento mais duradouro que o bronze, que dirá aos futuros que uma geração de crentes e patriotas passaram por aqui”.
E é por isso também que há quem a considere como a sede mais oportuna para o solene «Te Deum» pelo Bicentenário da Independência, em 2021.
Por David Franco Córdova, historiador