A área em questão é enorme: 106 000 quilômetros quadrados, área predominantemente florestal, rica em biodiversidade e grandes depósitos de água doce. Mas as atividades de mineração incontroladas estão a gerar um autêntico apocalipse social e ambiental. Especialmente ao sul do rio, por muitíssimos quilômetros, em território amazônico, há imensos depósitos de ouro – mas também de diamantes, coltan, bauxita e outros metais – , recursos que acabam nas mãos dos amigos do regime e das multinacionais norte-americanas e asiáticas que se aproveitam da situação, enquanto que para os habitantes locais ficam migalhas e um território... arruinado por decênios.
As populações autóctones que ali vivem, como os indígenas 'Pemones', são ameaçadas e forçadas a emigrar, quando não simplesmente expulsas de seus territórios.
"A situação do 'Arco Minero' é conhecida há vários anos, especialmente desde que o presidente Chávez iniciou sua política de mineração; mas piorou nos últimos anos de Maduro... A mineração em toda a região é totalmente ilegal" – diz o Prelado salesiano. Além disso, "com a produção de petróleo abaixo de um milhão de barris, contra os 3 milhões de barris por dia da era Chávez, o governo tenta aproveitar ao máximo outros recursos subterrâneos, sem considerar o impacto ambiental".
"A Igreja sempre teve uma posição crítica. Mas nunca foi ouvida – continua Dom Divasson – . Mesmo como REPAM, apresentamos uma denúncia detalhada e realizamos várias atividades de informação. Entretanto a depredação da Amazônia continua, e no ‘Arco Minero' o maior flagelo é justamente o da mineração ilegal; ali estão todos: máfias, paramilitares, guerrilha colombiana". Foi com esta realidade em mente que Dom Divasson participou do Sínodo sobre a Região Pan-Amazônica.
"A esperança é real, ainda que se deva dizer que aqui na Venezuela, com este regime, não há soluções à vista. A situação é grave. Mas não podemos esquecer que há muitas forças, organizações ambientalistas, ongs, que tentam dar alguns pequenos passos”.
“O Sínodo falou claramente sobre estes temas e representou uma tomada de consciência, uma denúncia que chegou ao mundo inteiro. Este esforço da Igreja se une ao da Sociedade civil. Precisamos – conclui Dom Divasson – multiplicar os nossos esforços e prosseguir com coragem".