Dom Bosco Kafroun
Esta obra salesiana é realmente impressionante; foi ampliada com novos terraços, ganhando mais potencial, com muito espaço ao ar livre, entre os parques e o jardim. Quando cheguei aqui, em meados de julho, me deu a impressão de estar em um pequeno paraíso tranquilo em meio às montanhas.
As atividades que animam a casa são muitas, principalmente no verão: a principal é o “verão jovem”, que atrai e envolve muitas crianças e jovens durante três dias por semana com um show de encerramento. Nos outros dias, há várias atividades e cursos de formação para adultos e crianças, a missa dominical e cursos de formação para os jovens. Além disso, durante o ano os jovens praticam vários esportes nos campos ao ar livre.
Conversei com alguns animadores para saber como eles vivem o oratório e como vêem a presença de Dom Bosco neste contexto: eles explicaram-me que o oratório é fundamental para a união entre as crianças das aldeias vizinhas. A região não foi tocada diretamente pela guerra, mas sofreu consequências indiretas tais como a falta de eletricidade, falta de água e o aumento desproporcional nos preços para os ítens de necessidades básicas.
Me disseram também que, durante a guerra, tinham muito medo de que os conflitos os atingissem, porque sabiam que a situação poderia mudar a qualquer momento. Por isso os jovens do Oratório referem-se a esta obra como a sua segunda casa, uma casa onde puderam sentir-se protegidos, durante os conflitos e até hoje, um lugar onde é possível esquecer os medos e os horrores.
Esta área é um lugar de paz, e portanto serviu como refúgio para muitas pessoas que, provenientes das áreas mais afetadas não muito distantes, (Aleppo, Homs, Damasco, Idlib ..) foram temporariamente transferidas aqui. Alguns permaneceram, outros voltaram para suas cidades de origem, que se encontram novamente seguras.
Essa "onda" de pessoas de outras cidades desestabilizou um pouco a vida cotidiana da obra, mas foi muito bem recebida pela pequena população do lugar, uma vez que conheciam os horrores dos quais seus compatriotas estavam fugindo. Naquele momento formou-se uma pequena comunidade, Mashta e seus arredores: alguns animadores a chamaram de "Pequena Síria", já que era possível encontrar pessoas de qualquer parte do país.
Para a obra, que normalmente acolhia cerca de 150 crianças e passou a acomodar mais de 600, os ensinamentos de Dom Bosco foram muito importantes. Principalmente no início, quando não era fácil envolver todas as crianças nas atividades,pois muitas delas estavam nervosas ou inquietas pelas experiências traumáticas pelas quais passaram. Realmente o trabalho deste lugar foi milagroso e cicatrizou muitas feridas. Todos são gratos a Dom Bosco Kafroun.
As palavras mais usadas por todos são sempre "segunda casa". Uma animadora mudou-se de Aleppo para cá, porque a cidade não estava mais segura; ela me contou que quando chegou aqui sentiu-se bem-vinda e acolhida e ficou impressionada com a fé e a genuinidade das pessoas do lugar.
Há tanta esperança neste povo, visível nas reconstruções, já iniciadas em muitas cidades como Aleppo. Eu vejo a luz da esperança para o futuro, mesmo que às vezes um pouco tímida, nos olhos desses jovens que têm um grande desejo de aprender e realizar. "Veja - eles me dizem - um só homem, Dom Bosco, foi capaz de fazer tantas pessoas felizes em todo o mundo, é incrível!"