Ao longo da própria formação os professores aprendem que o espírito crítico é, ao mesmo tempo, um estado mental (escuta, curiosidade, autonomia de pensamento, lucidez, modéstia) e um conjunto de atividades (informar, avaliar as informações, diferenciar os fatos e as interpretações, mensurá-las e avaliá-las). O pensamento crítico jamais é dado como já adquirido. É sempre um requisito a atualizar.
Alguns jovens parecem ter um intenso espírito crítico quando se recusam a estudar este ou aquele tema porque, segundo eles, “é inútil”. Na verdade, há por baixo um bloqueio, um “obstáculo ao pensamento”. “Há quem pense: ‘criticam tudo’, mas na verdade deixam de pensar. É o oposto do pensamento crítico ‘sadio’, que obriga o pensamento a superar a si mesmo”, afirma o Prof. Serge Boismare.
A educação ao espírito crítico é uma atividade que atravessa todas as disciplinas e é essencial, sobretudo, diante das teorias de conspiração e, ainda mais, devido aos perigos do “arrebanhamento das consciências”.
As teorias de conspiração produziram um fenômeno novo nas salas de aula: não é raro que durante uma aula algum aluno levante a mão e diga: “Não, professor, não foi realmente assim; ontem eu li na Internet!”
A fim de enfrentar os novos desafios são necessárias abordagens inovadoras. Um professor de história já fizera uma “abordagem frontal”, mas percebeu que era muito cansativo “rebater um argumento depois do outro”. Então, desenvolveu uma rede de teorias de conspiração e colocou seus alunos na condição de jornalistas, chamados a produzir alguns textos sobre o tema. Outro professor trabalhou com seus alunos na identificação dos ingredientes dessas teorias: a denúncia de um grupo social, indícios transformados em provas, eventos sequenciais apresentados como casualmente relacionados...
A necessidade de educar para o espírito crítico começa frequentemente com uma tomada de consciência. Um professor de inglês começou com a constatação de que seus alunos não eram capazes de reconhecer a diferença entre artigos reais e artigos satíricos sobre importantes personagens bíblicos. Hoje, esse professor organiza cursos opcionais de “autodefesa intelectual”.
Fonte: Don Bosco aujourd’hui