P. Tom Brennan, SDB
A maior parte de nós não receberá um chamado para ser missionário ad gentes, mas todos os membros da Família Salesiana são chamados a inflamar-se de zelo missionário e ser testemunhas da fé no contexto e na cultura em que atuam. Os desafios podem ser: indiferença e autocomiseração reforçadas por um estilo de vida baseado nas comodidades; isolamento e solidão numa cultura em rápida evolução; medo, desconfiança num clima de competitividade exasperada...
Proclamar os valores do Evangelho, a doutrina social da Igreja e os princípios da fé num mundo descrito por alguns como paganismo prático, requer um exército de testemunhas. Devemos ser como médicos no hospital de campo, cuidando dos feridos dos nossos bairros e apostolados, ou também pastores dos que buscam um guia moral.
Em sua viagem apostólica a Mianmar, o Papa Francisco apresentou aos jovens três perguntas feitas por São Paulo, que tocam a todos.
- “Como acreditarão nele, sem terem ouvido falar dele?”
- “Como ouvirão falar dele, sem um mensageiro que o anuncie?”
- “Como poderá haver um mensageiro, sem que tenha sido enviado?”
As perguntas do Papa aos jovens birmaneses podem ter a mesma ressonância também nos corações dos que vive em contextos bem diferentes daqueles dos jovens de Mianmar. Vale a pena refletir sobre suas palavras.
“Alguns se interrogam como é possível falar de boas-novas quando tantos sofrem ao nosso redor. Onde estão as boas-novas, quando tanta injustiça, pobreza e miséria estende a sua sombra sobre nós e o nosso mundo? Contudo gostaria que deste lugar partisse uma mensagem muito clara. Gostaria que as pessoas soubessem que vós, homens e mulheres jovens do Myanmar, não tendes medo de acreditar na boa-nova da misericórdia de Deus, porque essa boa-nova tem um nome e um rosto: Jesus Cristo. Como mensageiros desta boa-nova, estais prontos a anunciar uma palavra de esperança à Igreja, ao vosso país, ao mundo inteiro. Estais prontos a anunciar a boa-nova aos irmãos e irmãs que sofrem e precisam das vossas orações e da vossa solidariedade, mas também da vossa paixão pelos direitos humanos, pela justiça e pelo crescimento daquilo que Jesus dá: amor e paz”.
Muitos de nós são chamados a serem missionários “locais”, na própria terra, numa cultura familiar. Contudo, em alguns desses lugares a fé não é nem bem conhecida, nem proclamada com convicção. Todos nós sabemos que “as palavras movem, mas as ações arrastam”. A nossa fé vivida, a sinceridade do nosso testemunho mostrado ao mundo no qual vivemos a nossa vida cotidiana, levará muito mais pessoas ao conhecimento de Deus de quanto jamais as nossas palavras farão.
“Nem tenhais medo, se às vezes notardes que sois poucos e dispersos por aqui e por ali. O Evangelho cresce sempre a partir de pequenas raízes. Por isso, fazei-vos ouvir! Gostaria de vos pedir para gritar, mas não com a voz; gostaria que gritásseis com a vida, com o coração, de modo a ser sinais de esperança para quem está desanimado, uma mão estendida para quem está doente, um sorriso acolhedor para quem é estrangeiro, um apoio carinhoso para quem está sozinho
Seja qual for a vossa vocação, exorto-vos: sede corajosos, sede generosos e, sobretudo, sede alegres!