A história de Jean-Claude foi ‘difícil’ desde o começo: a mãe morreu quando tinha só dois meses; seu pai mal consegue sobreviver com os pequenos trabalhos que faz. Confiado aos cuidados de uma tia, certo dia, quando tinha cerca de 8-9 anos de idade, ele se perdeu do pai enquanto passeavam nas proximidades de Bukavu. Não encontrando mais o pai e sem saber para onde ir, o menino começou a viver na rua.
De todos esses anos na rua, ele lembra ter sido levado para diversas instituições, mas afirma que não se adaptava e acabava abandonando, sem nunca ter pensado em procurar a família. Todavia, ao chegar ao "Centro Dom Bosco" de Bukavu, dirigido pelo missionário P. Piero Gavioli, Jean-Claude deixou que o identificassem como menino de rua e foi acolhido como interno, junto com outros menores. Após um período de adaptação, ele foi inscrito no “Centro Nyota”, no nível 2 do programa de recuperação escolar para o ano de 2019-2020.
Enquanto isso, os salesianos e seus colaboradores leigos na missão procuravam por seus familiares, que acabaram encontrando em Goma, onde Jean-Claude lembrava que seu pai vivia. No final do confinamento, de 14 a 18 de agosto de 2020, eles realizaram uma missão exploratória de mediação. Como o pai ainda não parecia estar em condições de garantir os cuidados para com o filho, seu primo Félicien Shukuru, considerado por Jean-Claude um "irmão mais velho", disse estar disposto a acolher a "ovelha perdida".
Naquela ocasião, foi feito um primeiro contato entre o garoto e seus familiares: Félicien, sua esposa e filhos imediatamente se mostraram felizes em acolhê-lo.
A reunificação, porém, só se deu depois da divulgação dos resultados do ano letivo 2019-2020: Jean-Claude – já com 17 anos – passou com uma média de 85%. Ele continuará a frequentar o 3º grau, ou 6º ano da escola em Goma. Assim como as demais crianças reintegradas às famílias, ele recebeu um kit de reunificação: uma sacola com roupas (calça, sapato, roupa de baixo, regata, escova e pasta de dente, creme hidratante, lençóis, cobertores, camisetas), um colchão e uma cama.
A viagem de reencontro teve diversas etapas de apoio e preparação para o adolescente, além de visitas e entrevistas com a família. Sem esquecer que o acompanhamento personalizado recebido no "Centro Dom Bosco" e as palavras de encorajamento da "boa-noite" diária, ajudaram o jovem a gradualmente se estabilizar.