Como nasceu a vocação salesiana num País prevalentemente muçulmano?
Quando criança, eu tinha um parente padre, que foi para mim modelo e testemunho. Nasci no Alto Egito e frequentei uma escola elementar cristã, com prevalência de muçulmanos. Tinha muitos amigos muçulmanos; o próprio diretor da escola era muçulmano, um pouco fanático. Na quarta série elementar comecei a pensar em entrar no seminário. Dois anos depois, foi determinante o encontro com um Salesiano que me falou de vocação. Acenei-lhe que desejava ser padre (...) e ele me propôs entrar na Congregação Salesiana, em vez de mandar-me aos coptas católicos. O encontro com os Salesianos provocou em mim alguns pequenos “escândalos” como, por exemplo, o fato de um padre vestir calças em lugar da típica roupa egípcia ou usar maiô para ir ao mar.
Como egípcio, o que pode dizer-nos sobre a atual situação política e econômico-social?
Muitas coisas mudaram, para melhor... A própria participação de 24 cristãos nas fileiras governativas é uma demonstração disso e da maior liberdade concedida. Este clima não faz pensar como estranha a possibilidade, por exemplo, de um cristão ir à rua e cumprimentar os muçulmanos pelo Ramadan. (...) Em nível econômico ainda é preciso tempo para ver os frutos: é um momento de adaptação.
Algum fato para contar-nos?
Sempre acontecem muitos encontros e muitos pedidos de ajuda, como, há algumas semanas, os de uma família desconhecida. Marido, mulher, uma filha de seis anos e outro de quatro. Tinham vindo ao Cairo há dois meses, com a esperança de curar a doença de fígado da mulher, embora sem dinheiro para isso. Quando os conheci, precisavam de ao menos 50 liras para os remédios. No mesmo dia, um benfeitor me deu 200 liras e eu lhes entreguei. Outras despesas relativas ao tratamento foram enfrentadas um pouco por vez e sempre repetia que o Senhor haveria de mandar o dinheiro necessário. A Providência jamais me enganou! Encontrei-a sempre a meu favor, realmente! (…) O Senhor nunca nos deixa faltar alguma coisa.
Fonte: DonBoscoICC