Em abril de 2016, o Supremo Tribunal da Papua Nova Guiné declarou que o centro de retenção para requerentes de asilo, estabelecido na Ilha de Manus pelo governo australiano após acordo com o Governo da Papua Nova Guiné, era ilegal e inconstitucional.
"O que acontecerá, então, com refugiados e requerentes de asilo? O que será da a população local da ilha de Manus? Qual será a situação socioeconômica decorrente? Haverá um efeito negativo sobre a Papua Nova Guiné, quando o centro de retenção em Manus será fechado definitivamente? "Estas são as questões que a Conferência Episcopal de Papua Nova Guiné e das Ilhas Salomão colocou, no dia primeiro de novembro, em uma mesa redonda organizada em Waigani, juntamente com a "Catholic Professionals Society" (CPS), sobre a questão dos refugiados.
"Cerca de 495 refugiados e 131 requerentes de asilo, em um total de 626 pessoas, aguardam no momento decisões e reassentamentos", explicou Paul Harricknen, advogado de direitos humanos e presidente da CPS. "Já houve 6 mortes entre os requerentes de asilo. Apenas 146 foram reabilitados e reassentados nos Estados Unidos. Há também o registro de 37 nascimentos entre os refugiados em Manus".
Os participantes da mesa-redonda de Waigani, no final de seus debates, endossaram uma declaração que, entre outras coisas, exige que o governo australiano acolha, em seu território, todos os refugiados e requerentes de asilo até 25 de dezembro de 2018.
A equipe organizadora da mesa redonda de Manus - que também inclui o salesiano padre Ambrósio Pereira - reuniu-se, no dia 3 de novembro, com o governador de Port Moresby, Powes Parkop, para discutir possíveis soluções e assegurar que a declaração seja mantida. Entre os tópicos discutidos estão a saúde dos refugiados e requerentes de asilo, casos de abuso e acesso à informação para os refugiados. Além disso, foram planejadas reuniões com os ministérios competentes.
Dom Bernard Unaballi, bispo de Bougainville, sugeriu a criação de uma comissão do nível da Conferência Episcopal Católica, para garantir que as tratativas não permaneçam apenas no nível das discussões e declarações.
Enquanto isso, o transporte forçado para a ilha de Manus continua em meio a um grande número de policiais e agentes de imigração e diante dos olhos da população local.