por Cristian Calderón
O "licen" ou "Chile", como Gonzalo era carinhosamente conhecido pelos meninos, atuou como professor de religião e matemática, como coordenador da pastoral da comunidade "Don Rua" e como animador do oratório nos fins de semana. Em cada uma dessas atividades, ele aplicou uma frase que norteou suas ações: "a vida de vocês, jovens, são o bem mais valioso".
"O sofrimento pelo abandono pelos pais que os filhos de 'Mi Caleta' trazem, marcou a minha experiência, porque é difícil acreditar que uma realidade tão dura seja possível", disse Gonzalo. Um dos momentos que ele guarda com mais carinho é a partilha das refeições noturnas onde, após a oração, cada um dos meninos contaava como tinha sido seu dia, assim como um filho faz com seu pai. Nessas conversas ele pôde notar que muitas vezes os meninos "sabiam que estavam errados, mas tinham certeza de que, em algum momento, eles mudariam. Essa era a maior motivação deles, e isso despertou, em mim, muita admiração".
A história que mais me impressionou é a de um garoto de 12 anos de idade, vítima de violência física, psicológica e sexual; cujo pai morreu por uso de drogas e a mãe ainda é viciada; ele nunca desistiu e, graças à hospitalidade do projeto salesiano e o trabalho de voluntários como Gonzalo, o menino continua a estudar com mérito.
"Uma das coisas que carrego no meu coração - diz Gonzalo – é: uma bola é suficiente para mantê-los entretidos durante uma tarde inteira. Eles me diziam: "'Licen', com a bola nos esquecemos de todas as dificuldades". Gonzalo sabe que o regresso a seu país não significa o fim do voluntariado ou da sua vida missionária, uma vez que agora seu objetivo é contribuir, com os conhecimentos que adquiriu, com a equipe de trabalho de animação missionária da inspetoria salesiana do Chile.
Um de seus sonhos é escrever um livro contando sua experiência e encorajar os jovens a levar adiante essa experiência. "Os jovens são chamados a continuar o trabalho sonhado por Dom Bosco".
