Um salesiano está a levantar a voz para nos advertir acerca de um aspecto fundamental desta guerra, i. é, acerca da objetividade, ou não, na informação. O P. Mounir Hanachi reconhece que o Governo sírio (como todo governo aliás) não é feito de “anjos e santos”. Entretanto sustenta que neste conflito a maior parte da sofrida população da Síria está do seu lado. E por que o diz?
“Ghouta não é - como se raconta - um bairro de vítimas perseguidas pelo regime – afirma o salesiano –. É exatamente o contrário. São anos que disparam mísseis sobre a capital, que matam inocentes, que matam pobres, que matam civis. Quantas são as crianças mortas – aqui! – das quais ninguém fala! Elas não são a oposição. A oposição são os terroristas: afluem de todas as partes do mundo. O exército sírio tem o direito de defender a dignidade dos Sírios, a dignidade do País”.
O bombardeio de Ghouta se intensificou na última semana, porque o Governo está preparando o assalto final para retomar o bairro. “Durante todo o dia se ouvem os aviões do exército que sobrevoam a Capital. Espero que o ataque inicie logo e que a zona seja finalmente liberada, como se libertou Alepo” – afirma.
Já se chegou ao oitavo ano de guerra na Síria. É uma guerra descrita, nas redes sociais, com imagens e mensagens que “só informam parcialmente” acerca dos fatos e que constroem preconceitos em nossas consciências, reforçando falsas percepções da realidade. Muitas as perguntas que estão sem resposta. P. ex.: Como iniciou este conflito? Quem financia esses rebeldes que faz anos se entrincheiraram em Damasco, em Alepo e em outras cidades da Síria? E, mais: quais os interesses para as potências envolvidas nessa guerra?
É importante para as grandes potências explorar a capacidade da mídia digital e criar uma visão que não esclareça os limites dos dados objetivos de informação e mantenha a nebulosa da... desinformação.
Exatamente neste ano o Papa Francisco nos alertou acerca desse perigo: “A eficácia das ‘fake news’ é devida, em primeiro lugar à sua natureza mimética, isto é, à capacidade de aparecerem plausíveis. Em segundo lugar, essas notícias - falsas mas verossímeis - são capciosas, no sentido de que são hábeis em chamar a atenção dos destinatários, baseando-se em estereótipos e preconceitos difundidos no interior do tecido social”.
Muito importa pois exercitar a capacidade crítica e perguntar-se a si mesmo se tudo quanto se diz, se vê e se lê é ou não verdadeiro. É bom perguntar-se se tudo quanto aparece nas redes sociais é ou não verdadeiro.
É um dado de fato que, no caso da Síria, a desinformação é evidente. E que a grande ausente na mídia ‘mainstream’ é a voz dos cristãos e daqueles que estão do outro lado. “Muito daquilo que foi relatado sobre a Síria nestes anos foi manipulado – conclui o P. Hanachi – . Por que ninguém nos pergunta o que está sucedendo aqui? Peço-vos, racontai somente aquilo que estamos vivendo há já sete anos!”.