A Ciudad Don Bosco é um lugar singular. Aqui está ativo há mais de 15 anos o projeto “CAE Construindo Sonhos”, que reinseriu socialmente cerca de 2.500 crianças-soldados que fugiram da guerrilha (Farc ou ELN) ou foram capturadas pelo exército, os assim chamados desvinculados. O percentual de reinserção positiva, para esses garotos, chega a 85% e, para contar essa experiência, foi girado também um documentário “Alto el fuego” (Cessem o fogo), realizado por “Misiones Salesianas” de Madri; Areiza explica-nos que “nos últimos meses continuam a chegar menores sobretudo da Eln, enquanto cessaram naturalmente os das Farc. Muito, contudo, os menores que ficaram até o fim na guerrilha, e que agora estão saindo das zonas de agrupamento”. Alguns deles chegam também à Ciudad Don Bosco: “É importante que estudem, que vão à procura de seus familiares...”. Para as antigas crianças-soldado hóspedes da estrutura “o caminho é longo, pode durar anos. A primeira etapa é a educação à relação com o outro, depois criamos amizade e confiança, em seguida, com o processo comunicativo introduzimos o estudo, a formação profissional, a capacidade de tomar a própria vida nas mãos. A nossa é uma pedagogia da esperança”. E justamente uma grande esperança é trazida pelo Papa Francisco: “O acordo de paz abriu um caminho, mesmo se exigirá muito tempo”. É importante abrir espaços de reconciliação e perdão; é belo ver que as primeiras a tomar ciência disso são as vítimas”. Certamente, conclui Areiza, não faltam problemas: “Estamos percebendo, por exemplo, a grande corrupção. Mesmo se a guerrilha perde a sua capacidade de recrutamento, o mesmo não acontece com os bandos criminosos, as chamadas Bacrim, muito presentes em Medellín. Por isso, na Ciudad Don Bosco há outro projeto chamado ‘Direito a sonhar”, que procura fazer a prevenção nos bairros da cidade, antes que os jovens sejam recrutados ou se tornem vítimas de abuso sexual”.
Fonte: Sir