Costa de Marfim – “A paz não pode ser apenas ausência de violência: deve poder ser um projeto de futuro”

24 janeiro 2017

(ANS – Duékoué) – Xec Marquès, natural de Ciutadella de Menorca, foi para a África em 1992. Esteve na República Democrática do Congo, em Togo, Benim, Guiné Conakry e, atualmente, está na Costa do Marfim. Desde Duékoué, um dos pontos mais afetados do país na guerra civil, ele explica como vê a situação dos jovens nestes momentos em que se respira paz e um pouco de esperança num país onde “42% da população vive abaixo do nível de pobreza, enquanto a pobreza poderia chegar a 63%.

Por Xavier Costa

Xec vê a “a situação dos jovens em Duékoué, marcada pelas guerras de 1997 e de 2011. No ano passado, fizeram-se as primeiras eleições presidenciais depois da crise eleitoral de 2011, embora com o boicote de uma parte da oposição, que continua a apoiar o presidente Gagbo”.

Em dezembro, foram realizadas as eleições legislativas, às quais uma parte da oposição não apresentou candidatos. “Quando um país foi marcado pela guerra, o que se destaca por primeiro é o não reconhecimento dos resultados da parte dos partidários do governo de turno”.

Os jovens na Costa do Marfim falam da guerra. Talvez a paz e a tranquilidade que os rodeia seja aquela de quem não quer ou não pode; porque há de se comer todos os dias, pagar a escola dos filhos e filhas, cuidar dos doentes e, se possível, economizar um pouco.

Os jovens do Centro Profissional Artesanal e Rural (CPAR) participam da mesma mentalidade. “Para eles, não há uma cultura do projeto; só do imediato. Ou seja, conseguir um diploma profissional a fim de ir para o mercado de trabalho. Este desafio motiva-os, mas também os torna indiferentes à vida política do país. Muitos têm idade para votar, mas poucos participaram das últimas eleições: porque já não creem na política nem nos políticos”.

“Para os Salesianos e educadores o desafio é saber promover os valores de consciência social e responsabilidade política e não se deixar levar pela inércia da urgência de cada dia. A paz não pode ser apenas ausência de violência: deve poder ser um projeto de futuro”.

InfoANS

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