O segundo aspecto é o fenômeno da “descartabilidade”, isto é: ninguém pode dispor de mais do que se lhe deve. Ou melhor: do que se lhe permite.
Essas são intuições de um dos homens mais brilhantes do nosso tempo. Tanto a precariedade quanto a “descartabilidade” se referem aos nossos temores mais profundos: aos medos de não sermos significativos, de sermos deixados à margem e de, por fim, desaparecer; a sensação de profunda solidão, de pertença apenas a um grupo... anônimo.
O tema Família, como tema de reflexão proposto pelo Reitor-Mor na Estreia 2017, convida a refletir sobre a Família, sobre a significatividade, sobre a pertença, sobre o fazer parte de uma comunidade fundada nos laços perenes do amor.
A experiência fundamental de cada pessoa é a de ser desejado, e desejado antes mesmo de nascer. “As crianças são amadas antes de vir ao mundo. E isto é gratuidade. Isto é amor” – relembra o Papa Francisco. É um aspecto fundamental do Ser-Família.
Outro aspecto importante é o laço da fraternidade que se vai forjando em família entre as crianças, laço que, se se desenrolar num clima de formação aberta aos outros, se torna a grande escola da liberdade e da paz. “É em família, entre irmãos, que se aprende a conviver humanamente, a conviver em sociedade. Talvez nem sempre estejamos conscientes disso, mas é exatamente a Família que introduz a fraternidade no mundo! A partir desta primeira experiência de fraternidade, nutrida pelos afetos e pela educação familiar, o estilo da fraternidade se irradia como uma promessa por sobre toda a sociedade e por sobre os relacionamentos entre todos os povos” – prossegue o Papa.
Possuir um irmão, ou irmã, que nos ama é uma experiência. Uma experiência forte. Inestimável. Insubstituível. E o mesmo vale para a fraternidade cristã.
É urgente para nós hoje repor a fraternidade no centro da nossa Sociedade, porque é o antídoto mais eficaz contra a angústia, a precariedade, a sensação de “descartabilidade” que corrói a vida de tantas pessoas. As nossas Famílias são o espaço em que se superam todos esses temores existenciais; é por este motivo que a Família é chamada por Deus a contrastar a solidão existencial e comunitária: solidão que tanto caracteriza a cidade moderna.
Sejamos realmente Família! Seja cada Lar uma escola: uma escola de Vida e de Amor!