República Democrática do Congo – Em Goma, situação fora de controle

30 janeiro 2025

(ANS – Goma) – “Em Goma, na República Democrática do Congo, as pessoas ainda enfrentam uma situação descontrolada e arriscada”: é assim que começa a carta divulgada pelos salesianos que atuam na cidade, carta que atualiza acerca da grande emergência humanitária. A missiva é datada de alguns dias atrás, mas já está ultrapassada, uma vez que, na segunda-feira, 27 de janeiro, as forças rebeldes tomaram posse de Goma, a cidade mais importante da região da Província de Kivu do Norte. Hoje, os combates continuam, com mortes, bloqueio de estradas, hospitais lotados.

Os missionários salesianos estão bem, mas há dificuldade para o envio de atualizações, uma vez que não há eletricidade ou internet. As últimas notícias são de terça-feira, que relatam:

“Desde as 2 da manhã estamos sob fogo cruzado e não sabemos como sair de nossas casas”.

“Faltam alimentos e água, e os deslocados não sabem mais para onde fugir; a situação é catastrófica”, acrescenta um voluntário da ONG salesiana VIs – Voluntariado Internacional para o Desenvolvimento.

Abaixo, um texto da carta enviada há alguns dias pelos salesianos de Goma:

“Não é novidade que essa triste realidade afeta famílias da área de Masisi, uma população vulnerável que enfrentou diversas guerras e guerrilhas, nas últimas décadas, sendo forçada a se mudar devido aos tiroteios frequentes em suas aldeias. Até o dia 9 de janeiro de 2025, a situação administrativa e política no centro de Masisi era muito complexa, como confirma a presença maciça de pessoas se deslocando para os locais de refúgio. Além das grandes multidões que lotam a cidade de Goma e seus arredores, há pessoas deslocadas dos territórios de Rutshuru e Nyiragongo devido aos confrontos que se intensificaram nos territórios de Masisi e Kalehe, em Kivu do Sul.

Goma está se tornando uma rota para pessoas deslocadas. Mulheres, crianças e homens jovens são os mais expostos a todos os tipos de riscos. Muitas crianças e jovens nas escolas primárias e secundárias precisaram interromper os estudos devido a tal situação de guerra. Tudo isso também afeta as plantações, pois é época de semeadura e as colheitas alimentariam as populações das áreas rurais e urbanas, como a cidade de Goma.

Já se passaram mais de dois anos desde a abertura dos campos de deslocados ao redor da cidade de Goma e os trabalhadores humanitários nem sempre conseguem atender a todas as necessidades das pessoas deslocadas nos vários campos. A atual instabilidade política significa que a cidade de Goma não tem abastecimento suficiente e a maioria da população não tem acesso a alimentos.

Outra triste realidade é que algumas famílias pobres, provenientes de várias partes, que em conflitos anteriores precisaram se estabelecer nos arredores de Goma, mesmo não estando bem adaptadas e vivendo em condições de vulnerabilidade, são agora forçadas a acolher outras famílias de áreas de conflito em sinal de solidariedade. Em geral, é raro encontrar ajuda humanitária direta a essas famílias, pois são famílias que vivem em área muito escondida nos subúrbios e avenidas periféricas da cidade de Goma.

Algumas famílias, ao chegarem a Goma, matriculam seus filhos imediatamente na escola, procurando não perder o ano letivo atual, mas falta material escolar e recursos financeiros para pagar as mensalidades. Além disso, as escolas têm falta de espaço, carteiras, equipamentos”.

Assim se encerrava a carta enviada pelos Salesianos antes da ocupação de Goma pelos rebeldes. Mas tudo revela a existência de uma situação humanitário-educativa extremamente precária.

Para mais informações, visite-se o site: www.missionidonbosco.org  

InfoANS

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