Mianmar – “O Mianmar precisa hoje de uma só religião: a paz”

17 novembro 2016

(ANS – Yangun) – “Nós, representantes de todas as religiões que vivem no Mianmar dirigimos um apelo aos líderes políticos, militares e grupos armados, para que busquem o caminho da reconciliação e da paz como bem comum de toda a população” – assim escreve o Cardeal Dom Charles Maung Bo, Arcebispo de Yangun, Mianmar, num apelo firmado conjuntamente pelos principais Líderes religiosos birmaneses.

A mensagem visa, com preocupação, sobretudo a situação da minoria muçulmana dos Rohingya, radicada no Estado de Rakhine, no oeste do País, mas cujos membros estão espalhados também por muitos campos de refugiados em todo o país.

Nos últimos dias aumentaram os confrontos entre o exército e o sedizente “grupo de militantes muçulmanos rohingyas”. No dia 14 de novembro, fontes do governo tornaram conhecida a morte de pelo menos 30 combatentes rohingyas.

Segundo “Ásia News”, as forças de segurança isolaram a região de Maungdaw, no Estado de Rakhine, nos confins com o Bangladesh, e impediram a entrada de ajudas humanitárias e de observadores independentes. Desde o início de outubro, o balanço fala de 60 rohingyas e 17 soldados governativos, mortos. O exército continua a rastelar vila por vila: e os observadores de “Human Rights Watch” denunciam pelo menos 430 casas de refugiados Rohingya dadas às chamas, sem motivo. Trata-se dos piores confrontos no Estado desde 2012, quando as vítimas foram centenas...

Por outro lado, no complexo mosaico que compõe o povo mianmarense – no País contam-se mais de 130 etnias – perduram outros conflitos civis: ao norte, no Estado de Kachin, nos limites com a China, onde o exército combate com os rebeldes do “Kachin Independence Army”; e a leste, no Estado de Karen, com a homônima minoria étnica.

Embora em agosto passado tenha sido feita em Panglong uma conferência de paz – a mais importante organizada no país desde 1947 –, a Mensagem dos líderes religiosos sublinha que “o pesadelo da guerra continua. São mais de 200.000 os refugiados internos. Aos velhos conflitos se acrescentam novos. Com a presença dos refugiados prolifera o tráfico de seres humanos, o fenômeno da droga, a violência ameaça explodir nas comunidades e os conflitos internos já provocaram sofrimentos crônicos a milhares de pessoas, arrefecendo o desenvolvimento humano e despertando ainda maiores  animosidades”.

O apelo conclui afirmando: “O Mianmar precisa hoje de uma só religião, que é a paz. Ela é a nossa religião comum  (....) Somos irmãos e irmãs”.

InfoANS

ANS - “Agência iNfo Salesiana” - é um periódico plurissemanal telemático, órgão de comunicação da Congregação Salesiana, inscrito no Registro da Imprensa do Tribunal de Roma, n. 153/2007. 

Este sítio utiliza ‘cookies’ também de terceiros, para melhorar a experiência do usuário e para fins estatísticos. Escorrendo esta página ou clicando em qualquer de seus elementos, aceita o uso dos ‘cookies’. Para saber mais ou negar o consentimento, clique na tecla "Mais informações".