“Em um primeiro momento trabalhei nas favelas e, depois de estudar teologia, fiz experiência no oratório”, disse o P. Boldori ao narrar sua experiência de vida missionária salesiana.
Após uma primeira passagem pelo oratório de Jaboatão dos Guararapes, ele foi encaminhado para as escolas profissionalizantes, atuando também na de Bongi, "que foi uma referência" para a cidade e hoje não existe mais. “Na época, havia mais de 800 alunos nos cursos de Mecânica, Gráfica, Carpintaria, Panificação...” lembra o P. Boldori.
“Após este período – continua – morei 17 anos em Natal-Gramoré. Não havia nada. Abrimos os cursos, começando pelos de panificação". Estes 17 anos foram interrompidos para atuar como Ecônomo Inspetorial entre 1995 e 1998. Um período não isento de desafios, porque o Inspetor da época, P. Valerio Breda, havia sido nomeado bispo e o P. Boldori viveu as dificuldades da solidão e quase “uma sensação de abandono”.
Ao mesmo tempo, o P. Boldori nunca negligenciou seu compromisso tradicional como sacerdote: "Tenho uma vasta experiência no trabalho pastoral", ele pode certamente dizer, sem pecar por orgulho. Graças a este serviço, o missionário também recuperou a energia e a confiança. "Recentemente, o Inspetor me enviou para Juazeiro do Norte, como confessor. São oito horas por dia de confissões, 80% de jovens. Eu não imaginava que a experiência em Juazeiro do Norte pudesse ser tão boa". E confessa: "Eu estava arrasado, mas agora me recuperei, graças ao Confessionário".
Juazeiro é uma obra cheia de atividades. Há o Instituto São João Bosco, o Horto do Padre Cícero, a paróquia Sagrado Coração de Jesus, a rádio Padre Cícero FM, o Museu Casa do Padre Cícero, a casa de formação, 12 oratórios, o Movimento Juvenil Salesiano e os grupos da Associação Maria Auxiliadora e dos Salesianos Cooperadores.
A figura do Padre Cícero Romão Batista (1844-1934), recentemente agraciado com a qualificação póstuma de Salesiano Cooperador, é um elemento central para as atividades da obra. De fato, o local recebe anualmente mais de um milhão de peregrinos que visitam o santuário dedicado a ele, lembrando e prestando homenagem a este sacerdote que foi quase excomungado em vida, mas para quem já foi iniciada a causa de beatificação e canonização.
“Ele também, como Dom Bosco, teve sonhos/visões e se dedicou a evangelizar o povo por meio da adoração eucarística, da Confissão e da entronização dos Sagrados Corações de Jesus e Maria – diz com fervor o P. Boldori -. Além disso, era atento às questões sociais: pedia que plantassem árvores, fizessem cisternas para recolher a água da chuva, acolhessem todos os peregrinos... E quando a guerra chegou, ajudou a libertar a cidade. Mais tarde, como queria ver a cidade crescer por meio da educação, pediu aos salesianos que fossem a Juazeiro para educar os jovens”.
Por fim, o salesiano também teve um ensinamento muito significativo, especialmente para o Setor Missionário: “Muitas vezes não é fácil: quando você chega a um contexto estrangeiro pode se sentir desorientado, ter a tentação de ir embora e pode até perder a vocação. Por isto é importante fazer uma preparação especial”.