Haiti – “Estamos vivendo um inferno”, dizem os salesianos em meio à violência e ao caos que assola o país

14 março 2024

(ANS – Porto Príncipe) – A violência das gangues armadas domina o Haiti. A situação de instabilidade que o país vive desde o assassinato do Presidente Jovenel Moïse, em 2021, degenerou, nos últimos dias, quando o Primeiro-Ministro, Ariel Henry, anunciou seu compromisso por realizar eleições antes de agosto de 2025. Desde então, a situação se agravou, com ataques a prisões, fugas em massa de criminosos perigosos, tiroteios e tentativas de ataque ao Palácio Nacional, danos no porto e no aeroporto e, por fim, sob a pressão de grupos criminosos, a demissão do Primeiro-Ministro.

Antes disso, o terremoto de 2010 havia mergulhado o país na pobreza extrema, da qual nunca se recuperou. Em seguida, veio a crise econômica, a impossibilidade de controlar a violência nas ruas, o assassinato do Presidente e mais um terremoto, em 2021, que juntamente com as tempestades tropicais e a pandemia, colocaram a população numa situação de emergência humanitária constante.

Há quase duas semanas, o agora Ex-Primeiro-Ministro Ariel Henry anunciou que as eleições ocorrerão antes de agosto de 2025 (embora o mandato do Primeiro-Ministro já tenha expirado no dia 7 de fevereiro), lançando o país num caos total. As gangues criminosas, que dominam todos os bairros da capital e as comunicações do país, aumentaram o nível de violência, com ameaças de guerra civil e genocídio, se o Primeiro-Ministro, que na época estava em Porto Rico, não renunciasse. Os líderes dos grupos criminosos lançaram ataques às principais prisões do país, libertando mais de 3.500 presos, concentrando os ataques na região próxima ao Palácio Nacional e ao Aeroporto.

“A situação no Haiti é caótica; não há palavras para descrevê-la. Estamos vivendo um inferno”, afirmam os salesianos que ainda buscam ser úteis num país em desordem, ajudando a população ora submetida a uma onda de violência sem precedentes.

O Haiti aguarda o envio de uma missão internacional de apoio à segurança liderada pelo Quênia e aprovada pelas Nações Unidas em outubro do ano passado. Entretanto, o país sobrevive em meio ao colapso institucional, à incapacidade da polícia e do exército para lidar com gangues criminosas e com uma população que não tem nada para comer.

“Nós, Salesianos, estamos bem neste momento; mas não conseguimos realizar nenhuma atividade desde o dia 29 de fevereiro, quando a situação se agravou” – acrescentam os filhos de Dom Bosco. Desde então, a violência das gangues armadas eclodiu. “As gangues saquearam delegacias e tudo o que encontraram, empresas, lojas...”, continuam.

Na Capital - Porto Príncipe - houve troca de tiros entre as gangues e a polícia. Além disso, os sequestros são comuns. De acordo com as Nações Unidas, desde janeiro foram mortas mais de 1.200 pessoas. O país está à beira do colapso e da paralisia, explicam as agências internacionais, que afirmam que a atual instabilidade já provocou o deslocamento de cerca de 300 mil pessoas.

No momento, os bandos criminosos controlam cerca de 80% da capital, Porto Príncipe, os hospitais não dão conta de tratar os feridos, muitas lojas foram saqueadas nos últimos dias e os corpos das vítimas permanecem insepultos ao longo das ruas ao redor das prisões, onde no último sábado ocorreu uma fuga em massa, e vários casos de cólera já foram registrados.

Os Salesianos trabalham no Haiti desde 1935. Suas obras educativas estão distribuídas por todo o país e todos os anos cuidam de mais de 22.000 menores e jovens, em escolas, centros de formação profissional, centros juvenis e em casas-familia.

O futuro do Haiti é complexo: “ Vivemos com medo, porque não sabemos o que pode ocorrer de um minuto para o outro. Assim é a nossa vida nos últimos dias: pedimos orações, não se esqueçam de nós! ” - dizem os Salesianos desde o Haiti.

Fonte: Misiones Salesianas

InfoANS

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