Maffeo tem agora 69 anos de idade e a história flutua em sua memória, sendo dono de um testemunho enriquecedor cheio de cruzes e de encontros culturais. “Cada povo tem a sua cultura, mas quando alguém ensina algo que sai um pouco fora da sua cultura, aprende-se muito dele” - reflete o padre Maffeo.
Todas as vivências compartilhadas com os membros de uma comunidade deixaram claro no então Missionário que os Shuar são hospitaleiros. Em seu tempo, ofereciam acolhida; o importante no seu entorno é respeitar a sua cultura, de maneira especial as suas mulheres.
Um forasteiro desconhecido não pode entrar numa casa na ausência do dono: limita-se a esperar fora. A comunidade shuar tem a moradia em forma ovalada com duas portas, uma por onde entram as mulheres e outra por onde entra somente o homem da casa.
“Os Shuar como todo povo têm a própria maneira de fazer a justiça; não se pode começar a julgar”. Maffeo aprendeu a caçar, mas “eu era um bom caçador, por isso me aceitaram logo”.
Maffeo nunca viu como faziam a “tsanza”. Normalmente, realizavam-na sozinhos. Recorda uma “tsanza” que lhe deram de presente e era a cabeça reduzida de um dos shuar mais velhos que tinham em grande apreço.
Os shuar são um povo com crenças. Para a purificação iam às cachoeiras, a terra é a mãe, a produtora, a que dá a vida, por isso têm muito respeito por ela. O respeito à natureza é uma como religião; praticam a medicina ancestral e entre esses conhecimentos está a ‘curarina’, que é saber curar a picada de cobra.
Nos inícios desta época, aprenderam o espanhol e as aulas dadas na formação primária nas missões foram em língua castelhana e, depois, “transmitiram oralmente às crianças nas tradições culturais e nos cantos rituais”.