ISTO É AMOR…
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21 julho 2023

MENSAGEM DO REITOR-MOR, P. Ángel Fernández Artime

Este é o bem, simples e silencioso, que Dom Bosco fazia.

Este é o bem que continuamos a fazer juntos.

Amigos leitores: recebam como todos os meses a minha cordial saudação, uma saudação que estou a preparar deixando falar o coração, um coração que quer continuar a olhar o mundo salesiano com aquela esperança e aquela certeza que tinha o mesmo Dom Bosco: de que juntos podemos fazer muito bem e que o bem que fazemos deve ser dado a conhecer.

Antes de escrever as minhas saudações, li todo o conteúdo do número do Boletim deste mês. Vejo-o sempre antecipadamente, de modo a escrever aquilo que considero adequado ao tema.

Gostei muito do Boletim deste mês, com toda a sua diversidade, com o precioso testemunho de como é possível ser muito salesiano através da entrega quotidiana no oratório salesiano, em todos os pátios, em todos os lugares onde crianças e adolescentes – e os jovens que os animam – encontram um espaço de vida, um espaço sadio e educativo, um espaço que educa para a vida e para o sentido da vida, um espaço de Fé (se o quisermos fazer).

Revejo em muitos salesianos a “paixão” de Dom Bosco pela felicidade dos seus jovens. Uma fórmula que se tornou famosa procura condensar o sistema educativo de Dom Bosco em três palavras: razão, religião, amor. Escola, igreja, pátio. Uma casa salesiana é tudo isto realizado em pedra. Mas o oratório de Dom Bosco é muito mais do que isso. É um arsenal de estímulos e criatividade: música, teatro, esporte, passeios, que são verdadeiros mergulhos na natureza. Tudo condimentado com afeto real, paterno, paciente, entusiasta.

MÃE CORAGEM

Pois bem, enquanto leio com pena e preocupação a crônica do Sudão, onde a situação de todos é muito difícil - também a salesiana – queria hoje oferecer outro belo testemunho, ainda que desta vez não tenha sido ocular (narro quanto me foi contado). A cena passa-se em Palabek (Uganda), aonde, junto com os primeiros refugiados, há cinco anos, nós, salesianos de Dom Bosco, quisemos ir. A tenda era o alojamento. A capela para a oração e a celebração da primeira Missa era a sombra de uma árvore.

Todos os dias iam chegando a Palabek centenas e centenas de refugiados do Sudão: primeiro por causa do conflito no Sudão do Sul; mas, depois de tantos anos, continuam a chegar: agora por causa do conflito no Sudão do Norte.

Aquilo que estou a narrar-lhes foi-me contado pelo Conselheiro Geral para as Missões que faz alguns dias voltou de Palabek aonde foi ver e acompanhar essa presença no campo de refugiados, onde se acolhem dezenas de milhares de pessoas.

Havia dez dias, chegara uma mulher com 11 (onze) crianças. Sozinha, sem qualquer ajuda, havia atravessado diversas regiões, cheias de perigos para si e para as crianças; havia percorrido mais de 700 (!) quilômetros, a pé, no último mês; e o grupo de crianças ia crescendo. E é disto que quero falar, porque isto é HUMANIDADE. Isto é AMOR. Essa mulher chegou a Palabek com onze crianças que lhe haviam confiado. E apresentou-as todas como seus filhos. Na realidade, só seis eram seus filhos, frutos do seu ventre. Outras três eram filhas do irmão, há pouco falecido, e de que se tinha encarregado; as demais duas eram órfãos pequeninos, que havia encontrado pelo caminho, sozinhos, sem ninguém e, naturalmente, sem documentos… (Quem pode pensar em documentos, em documentação, quando nada se tem para viver?...) Mas haviam-se tornado seus filhos adotivos.

Houve casos em que uma mãe que dera a vida para defender seu filho fosse definida “mãe coragem”. Neste caso, gostaria de dar a essa «mãe de 11 (onze) filhos» o título de Mãe Coragem. Sobretudo o título de «Mulher que sabe muito bem – no íntimo do seu coração – o que é amar», mesmo em meio à pobreza mais absoluta, e com onze filhos.

«Bem-vinda a Palabek, Mãe Coragem! Bem-vinda à Presença salesiana! Claro que se fará de tudo para que a essas crianças não falte absolutamente nada! Nem um lugar para brincar, rir, sorrir – no oratório salesiano – ; nem um lugar em nossa escola.

Este era o bem, simples e silencioso, que Dom Bosco fazia. Este é o bem que continuamos a fazer juntos; porque, acreditem, sentir que não estamos sós, ter a certeza de que muitos de VV. veem com agrado e simpatia o esforço que diariamente fazemos em favor dos outros, dá-nos também muita força humana, que o Bom Deus sem dúvida faz crescer.

Desejo-lhes um bom verão! O nosso, também o meu, será certamente mais sereno e confortável do que o dessa Mãe de Palabek. Julgo entretanto que o ter pensado nela e em seus 11 filhos, nos fez construir, de algum modo, uma… ponte.

Felicidades!

InfoANS

ANS - “Agência iNfo Salesiana” - é um periódico plurissemanal telemático, órgão de comunicação da Congregação Salesiana, inscrito no Registro da Imprensa do Tribunal de Roma, n. 153/2007. 

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