Etiópia – Salesianos, FMA, outros religiosos e dioceses trabalham em rede pelo futuro dos migrantes e dos vulneráveis

22 junho 2023
Foto ©: Giovanni Culmone (GSF)

(ANS – Adis Abeba) – Em Adis Abeba, capital da Etiópia, que acolhe mais de um milhão de refugiados do continente, em 30 meses o projeto piloto do “Global Solidarity Fund” mudou a vida de mais de 1.500 migrantes “de retorno”, refugiados e deslocados internos. Cinco congregações religiosas, entre elas os Salesianos de Dom Bosco e as Filhas de Maria Auxiliadora, sob a coordenação da arquidiocese, cuidaram de sua formação em corte e costura ou cabeleireiro, assistência doméstica ou corte em couro. Até o momento, mais de 70% já encontraram trabalho.

Salesianos de Dom Bosco e Filhas de Maria Auxiliadora (FMA), Irmãs Ursulinas, Missionárias da Caridade e Jesuítas (por meio do Jesuit Refugees Service – JRS), desde o final de 2020 vêm colaborando com a Arquidiocese de Adis Abeba, empresas privadas e organizações internacionais na melhoria da vida de pessoas vulneráveis. Cada congregação, com as suas especificidades, tem o seu papel na construção de um percurso que permitiu a muitos beneficiários adquirir, por meio da formação profissional, competências para ingressar no mercado de trabalho local, seja contratado por uma empresa como abrindo a própria microempresa.

Abebech Tesfaje conta que teve um namorado que, quando ela engravidou, disse: "Este bebê não é meu, você pode matá-lo". Mas ela pensou: “É um presente de Deus, não posso matá-lo. Então, quando soube que as Irmãs de Madre Teresa poderiam me ajudar, fui procurá-las elas me acolheram”. As Missionárias da Caridade, na rede intercongregacional, cuidam da saúde, sobretudo das mulheres deslocadas das zonas rurais da Etiópia ou vítimas da guerra que acaba de terminar na região do Tigray, mas também daquelas que são expulsas dos países árabes do Golfo para onde haviam emigrado após experiências traumáticas. Muitas chegam a Adis Abeba com uma gravidez indesejada ou após serem sido abandonadas por seus companheiros. As freiras as ajudam gratuitamente no parto e conseguem convencer as jovens que não pretendiam ficar com os filhos.

Durante alguns meses, as mães são acolhidas com seus filhos em centros como o "Nigat Center" - estrutura dos salesianos cedida às Missionárias da Caridade, inaugurada em outubro de 2022 - e de lá são encaminhadas, com o acompanhamento de assistentes sociais, para participar dos cursos de formação das FMA (design de moda, assistência doméstica ou informática), ou dos salesianos (confecção em couro, carpintaria, design gráfico, solda, elétrica e tipografia), das Irmãs Ursulinas (produção de vestuário) ou do Jesuit Refugee Service (informática, manipulação de alimentos, cabeleireiro e manicure). Algumas destas congregações, como salesianas, salesianos e Jesuítas, cuidam do primeiro emprego das pessoas que se formaram nestes cursos, com o JRS, que conta com uma vasta experiência no apoio à criação de microempresas.

“Aqueles que se formam no 'Mary Help College' possuem muitas habilidades excelentes – diz Lydija Worku, proprietária da Emmanuel Garment -. Foi por este motivo que nos unimos às Irmãs Salesianas neste projeto. Já contratamos nove funcionárias formadas pelo projeto, mas temos demanda para pelo menos 40".

Do "Don Bosco Children Center", por outro lado, fala Samuel Dejene, um jovem de dezenove anos que viveu na rua antes que o P. Regazzo, o Ecônomo do centro, "que vai todos os dias visitar os meninos em situação de rua, me encontrou e disse: 'venha comigo para ver o que estamos fazendo'. Ele me trouxe aqui e eu frequentei por um mês o programa 'Venha e veja”. Depois desse primeiro contato, Samuel decidiu fazer o curso de confecção em couro, e há pouco mais de um mês está trabalhando em uma empresa, graças à ajuda do responsável para a empregabilidade dos salesianos.

No centro São Miguel, que abriga os escritórios da comissão sociopastoral da arquidiocese de Adis Abeba, os responsáveis das várias congregações envolvidas no projeto se reúnem para avaliar como passar de uma fase experimental para uma mais estável. Também foi assinado um acordo com um banco e outra instituição financeira para fornecer microcréditos a migrantes que queiram iniciar seus próprios negócios. Foi criado o polo unitário de formação, o polo de colocação profissional, o polo de geração de emprego e autoemprego e o centro de saúde. Trata-se de um projeto importante, uma vez que salva a vida de tantos jovens e mulheres. Na próxima etapa, que tem duração prevista de três anos, espera-se capacitar, com a ajuda do GSF, cerca de 10 mil pessoas.

InfoANS

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