“Faltou ação preventiva... A política sanitária precisará rever seus protocolos de segurança fazendo, desta lição, tesouro para o futuro”, diz o Reitor-Mor.
Como o senhor está cumprindo a missão neste momento?
Foram meses difíceis e, nos 134 países onde estamos presentes, temos procurado dar uma resposta que esteja de acordo com cada contexto específico. Em primeiro lugar, queríamos colocar em prática o lema salesiano "honestos cidadãos", que também foi a regra de vida adotada por Dom Bosco na educação dos jovens.
Não tiveram medo de ficar entre as pessoas?
Não ficamos fechados em nossas casas. Com a ajuda de jovens voluntários, em todo o "mundo salesiano", formamos grupos de ajuda e partilha.
Desde o primeiro momento, lançamos uma campanha mundial salesiana para ajudar os mais afetados: pudemos chegar a mais de 63 nações com o envio de ajudas financeiras advindas de tantas pessoas boas e generosas que estão ao nosso lado todos os dias.
Infelizmente, é triste saber que a pandemia não só fez vítimas mas também empobreceu aqueles que não tinham uma renda adequada. Assim, também ajudamos as famílias de muitos de nossos alunos com alimentos e outros recursos. Em todos os lugares, houve colaboração com a Caritas local, instituições e ONGs. Devo destacar também o heroísmo de muitos de nossos jovens, que distribuíram ajuda nas ruas aos sem-teto e a todo tipo de pessoas, às famílias mais pobres das grandes cidades.
Quantos religiosos morreram pela infecção?
Infelizmente, perdemos cerca de oitenta coirmãos. No início, acreditava-se que a pandemia afetasse somente os idosos. Logo percebemos que o Covid-19 ataca a todos. Infelizmente, devo pensar que essas mortes ainda não terminaram. Esse é um dos aspectos da grande dor causada por essa pandemia: tantas mortes em tantas famílias, em nossas comunidades religiosas e nas dioceses. Esta é, e tem sido, a realidade. Procuramos vivê-la com Fé e Esperança.
Como vocês repensaram o ensino nas escolas?
Para falar a verdade, muitas de nossas escolas, principalmente as de ensino médio, já estavam preparadas para o ensino a distância; por isso a transição foi mais "simples". O problema surgiu para as crianças mais pobres. Nestes casos também procuramos ajudar por meio da doação de ‘tablets’ e da criação de pontos de escuta de vídeo. Tudo isso foi possível com a ajuda extra de famílias de alunos, que já pagam uma mensalidade.
Infelizmente, a escola igualitária não pode se basear apenas em famílias e gestores. Em muitos países, este é considerado um serviço público, mesmo quando executado por uma instituição particular.
Riccardo Benotti
Fonte: SIR