Cresci numa família cristã e num ambiente misto, do ponto de vista religioso e político, que influenciou o destino dos jovens. Estive envolvido nas atividades religiosas da Igreja. Os meus compromissos durante a escola secundária começaram a mostrar em mim um chamado missionário. Enquanto o ia ouvindo com a ajuda do meu diretor espiritual, tornava-se mais claro que Deus me estava a chamar com o coração e de longe: a partir desse momento, qualquer desejo que passasse por meu coração era visto sob o ângulo das missões.
Desafios. Como salesiano missionário em Hong Kong, devo defrontar-me com uma cultura diferente da minha. O esforço por comunicar-me em chinês ameaça o meu senso de humor. A estrutura hierárquica da sociedade, baseada nas relações humanas e no exercício da autoridade, é outro desafio que devo enfrentar: existe o perigo de medir a dignidade humana pela base do estatuto social e da pertença racial. As jovens vocações procedentes desse tipo de contexto sofrem de fragilidade vocacional, porque por vezes é difícil transformar essas realidades culturais em estilo de vida religioso.
Há atualmente um aumento de tensões sociais. As nossas comunidades religiosas respondem a isso com oração, discernimento e grande cautela, para não se envolver em políticas de grupo. Perante tal realidade, a minha vida religiosa, sobretudo sob o aspecto comunitário, se submete a dura prova.
Recentemente, fomos afetados pela epidemia de Covid-19 que está a ameaçar a vida humana e que pôs fim a muitas atividades religiosas e sociais. Todos se movem com medo do desconhecido. Esses desafios estão a reescrever a narrativa da minha vida missionária e a afetar a forma de como vivemos na comunidade. Os jovens não são deixados de lado: mas sentem-se limitados no viver a sua exuberância juvenil de modo alegre. E olhando para tudo isto, me pergunto se é mesmo o dedo de Deus que escreve assim...
Apesar de tudo, olho para trás e ainda encontro razões para me sentir feliz. Aprendi a apreciar a pluralidade da vida que forma um esplêndido mosaico da imagem de Deus, e de como Ele se manifesta em cada história, em cada evento. Deus está verdadeiramente presente em todas as culturas. Deus está presente nos jovens, não importa quão pequena seja a sua voz. Eu próprio já O ouvi na vida dos jovens com quem partilhei minha vida. Esta é a minha alegria mais profunda.
A alegria de estar entre os jovens é para mim uma força. Em todos os desafios. Ofereço estes desafios e alegrias a Deus na oração, e os partilho com a comunidade: enquanto na oração Deus revela a Sua vontade diretamente, na partilha com a comunidade Ele revela a Sua vontade através dos irmãos.
Nessas minhas últimas palavras, os coirmãos que estão a discernir sua vocação missionária já podem ouvir a voz de Jesus que chama. São felizes porque o fazem com abertura e sem medo. As dificuldades aparecerão no seu caminhar, mas encontrarão força em Jesus Cristo, único e só missionário do Pai. Em Cristo partilhamos uma só missão pela salvação dos Jovens.