Brasil – IV Dia Mundial dos Pobres: uma reflexão
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13 novembro 2020

(ANS – São Paulo) – Quando estender a mão é uma extensão do coração, via de humanização e de transcendência: uma reflexão a partir da mensagem do Papa Francisco para o IV Dia Mundial dos Pobres. Desde 2017, o Santo Padre, o Papa Francisco, propõe a toda a Igreja Católica o Dia Mundial dos Pobres: uma forma de motivar os fiéis à reflexão e às diversas vivências relacionadas à atenção para com os mais necessitados da sociedade. Neste ano de 2020, marcado pelo contexto da pandemia da Covid-19 e suas drásticas consequências, a data é celebrada em 15 de novembro e a Mensagem para o IV Dia Mundial dos Pobres reforça um convite direcionado a todos os homens e mulheres de fé: “Estende a tua mão ao pobre” (Eclo 7, 32).

Mais do que um convite, a mensagem deste ano é um apelo, um grito que urge, e ressoa em todo mundo, em especial nos países fortemente impactados pela pandemia do Covid-19. Para os menos favorecidos economicamente, a situação de vulnerabilidade se agravou muito.

Assim como as “pobrezas” se agravam e se alastram, não apenas no aspecto quantitativo, também se diferenciam os tipos de pobreza. Isto significa que a forma de ser pobre hoje não é a mesma de alguns anos atrás: de modo que está sendo forjada uma nova concepção em torno da pobreza; fala-se inclusive em aporofobia - termo atribuído a Adela Cortina, filósofa contemporânea de Valência (Espanha), que pode ser traduzido como aversão ou rejeição aos pobres. Como consequência disso, acaba sendo nutrida e tida como natural uma mentalidade de estigmatização social, postura que só isola e marginaliza aqueles que já são vítimas de um sistema econômico nada inclusivo.

Tal como a concepção e a vivência da situação de pauperismo têm se transformado, também deve ser renovada a forma de responder às situações que se apresentam. A atualidade, ainda atravessada pela sombra da pandemia, solicita daqueles que estão em melhores condições gestos concretos, criativos e eficientes no sentido de atenuar as desigualdades e possibilitar a vida digna aos mais pobres.

Quanto aos homens e mulheres de Fé, tal como expresso na referida mensagem do Papa Francisco, a atualidade vem confirmar que a vida de oração é inseparável da solidariedade e da generosidade para com os mais necessitados. Para citar as palavras do Sucessor de Pedro, colocar-se a serviço dos mais frágeis “não se trata duma exortação facultativa, mas de uma condição da autenticidade da Fé que professamos” (Papa Francisco, Mensagem para o IV Dia Mundial dos Pobres, 2020, nº 8).

Pode-se ainda fazer alguns apontamentos sobre o tema: a “globalização da indiferença”, que instaura um estilo de vida egoísta e consequentemente infeliz, deve ser superada pela cultura do cuidado, que precisa acontecer desde com o próprio ser, do outro, até o cuidado da “Casa Comum”. Além disso, através de uma “ladainha de obras de bem”, o documento louva e recorda o bem feito, na intenção de que não sejam esquecidas as mãos estendidas.

No documento, para além da pobreza material, é abordada a pobreza espiritual que também precisa e pode ser abrandada no seio de uma comunidade cristã, à luz da Fé e dos ensinamentos da Igreja. No entanto, além da vivência comunitária, não se pode subestimar o valor da colaboração pessoal. O Papa Francisco é enfático ao afirmar que “para servir de apoio aos pobres, é fundamental viver pessoalmente a pobreza evangélica”.

Por isso, como uma perspectiva existencial, a mensagem traz à tona a necessária recordação da finalidade da existência (cf. Eclo 7, 36). É justamente a consciência de que “dentro de nós existe a capacidade de realizar gestos que dão sentido à vida”, seja a vida de quem protagoniza ou a vida daquele que recebe e complementa o gesto. Assim, a Mensagem do Santo Padre para o IV Dia Mundial dos Pobres renova o constante convite à solidariedade e ao compromisso com os mais necessitados como um caminho existencial, uma via simultânea de humanização e de transcendência.

Entre tantas possíveis ideias, não se pode negar que o sentido da vida envolve estender a mão a quem necessita, oferecer um sorriso, uma postura de respeito, acolher, escutar e, a partir de tais gestos, evidenciar que o próximo é amado pelo Senhor da vida. Assim, as mãos estendidas se tornam extensão do coração; e no abraço de quem partilha é que se pode afirmar, com alegria: o amor é o sentido da vida e amar é viver comprometido com Deus, consigo mesmo e com o próximo. Que possamos viver e dar vida a esta e às tantas mensagens de nosso querido Papa Francisco, em especial nestes tempos de extremismos ideológicos e incompreensões preconceituosas, onde, numa frase de São Francisco, “o Amor não é amado”.

Longe de esgotar a riqueza de uma profunda mensagem em poucas linhas, fica o convite para a leitura da Mensagem em sua íntegra AQUÍ.

Amós Santiago de Carvalho Mendes SDB

InfoANS

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