Ele descreve os primeiros dias deste período como um "filme de terror": o nervosismo e o pânico se espalhavam pela população, os alimentos e medicamentos começavam a escassear, sem falar no confinamento obrigatório, que só agravava a situação de quem já era pobre. “Se o coronavírus não nos matar, a fome nos matará”, diziam os necessitados ao salesiano.
No final do mês, porém, ele recebeu um telefonema: “Padre, quero ajudar a sua paróquia porque o senhor e os salesianos fazem um trabalho maravilhoso entre o povo”. Foi uma grande emoção, porque esse benfeitor se comprometeu a doar 500 cestas básicas de alimentos.
“O que fazer agora?”, ele se perguntou imediatamente após a ligação. Chamar pessoas para a paróquia ou comunidade criaria aglomerações. Por fim, a exemplo de Jesus e de Dom Bosco, e convencido de que deve ser testemunha do amor de Deus por quem sofre, ele decidiu criar um grupo de pessoas para servir as centenas de famílias. Protegidos por luvas, visores e máscaras, começaram a entregar cestas de alimentos aos mais pobres atendidos pela missão salesiana. Em 20 dias, distribuíram as 500 cestas básicas de alimentos e, em seguida, mais 1.000, que chegaram à comunidade posteriormente.
“Eu chegava, batia na porta, falava com eles e, antes de entregar os alimentos, perguntava sobre a situação deles. Você não pode imaginar a emoção deles, alguns até dançaram de alegria porque não tinham mais nada para comer. Mas não levei apenas algo para colocar à mesa, também levei uma palavra de incentivo para que não perdessem a esperança em dias melhores”, conta o salesiano.
Mais tarde, chegou também ajuda de "Misión Don Bosco", e o salesiano novamente saiu às ruas, desta vez para entregar vales de 60 dólares para que as famílias pudessem comprar alimentos nos supermercados. Foram distribuídos mais de 600 vales, ajuda que continua até hoje, graças à campanha “Por el pan de cada día” (Para o pão de cada dia).
Durante este serviço, ele se deparou com situações muito difíceis. Certa vez bateu numa casa onde os quatro membros da família eram deficientes e não podiam se locomover por conta própria. Ele foi pessoalmente ao supermercado, fez as compras e lhas entregou em sacolas, com gêneros de primeira necessidade.
Apesar de estar em contato permanente com diversas pessoas, o P. Sánchez não contraiu o vírus. Ele já realizou o teste três vezes, sempre com resultados negativos. E a quem ele agradece por essa proteção? Bem, ele não hesita em dizer que foi o manto protetor de Maria Auxiliadora que o salvou.