O que o levou a fazer-se salesiano?
Creio ter sempre sentido um profundo desejo de Deus e de doar minha vida pelos outros. Deus não se vê, mas se pode ouvir. Através do acompanhamento pessoal e das comunidades por que passei, da oração e da vida apostólica com os jovens, foi ouvindo gradualmente essa serena voz interior; e, com a graça de Deus, me fui confirmando na convicção de que esses profundos anseios interiores provinham realmente de Deus. Assim, gradualmente, o impossível se fez possível, e me fui repetidamente maravilhando pelo modo como Deus tenha aparentemente “deslocado montanhas” na vida das pessoas que chama, como fez comigo. Jesus nunca se cansa de chamar: chamar para Ele é um modo de conjugar o verbo amar. É, pois, assim que eu me sinto.
O senhor foi eleito estando fora do CG28. Como recebeu a notícia da eleição?
Servia como Diretor da Obra em Santander, no norte da Espanha. Não pude por isso acompanhar de perto o trabalho do Capítulo Geral 28. Além disso, estávamos, naqueles dias, às voltas com o início do confinamento (ou ‘lockdown’): no dia seguinte à minha eleição tivemos de preparar tudo para realocar os professores e começar as aulas on-line. Nesse contexto, também como Diretor acadêmico da escola, tive de aceitar muitos desafios... Mas foi uma verdadeira surpresa. Entretanto, agradeço a Deus por ter-me chamado a trabalhar pelos jovens, em qualquer lugar que Ele deseje. Um dos passos do Evangelho que mais me impacta é o da “parábola dos talentos”: jurgo por isso que Deus me esteja a dizer que devo descobrir que tudo o que sou é para servir aos demais. Todos somos chamados a brilhar, o que não significa ofuscar. Assumo, por isso, este dever com grande humildade.
O que acha do futuro?
Propus-me quatro objetivos: uma atenta reflexão e difusão das propostas educativo-pastorais do Dicastério; a comunicação e o acompanhamento das Inspetorias; a seriedade em tudo quanto fizermos como Equipe competente; e a dedicação pessoal à missão.
O que sonha para a Pastoral Juvenil (PJ) da Congregação após seis anos?
Acredito que o futuro passe através de uma Pastoral Juvenil Salesiana (PJS) que saiba conjugar várias coisas. Estas: a dimensão vocacional (como princípio unificante da pastoral); a opção pelos jovens mais pobres em todos os setores da Missão Salesiana; a corresponsabilidade entre SDB e Leigos na comum missão; a presença efetiva e afetiva entre/com os jovens; a reflexão e a prática dos processos educativos e de evangelização nos vários contextos; a sinergia entre PJ e Família, internamente ao modelo educativo da pastoral salesiana.