“Aqui em Bamako, assim como em Sikasso e Touba, estamos tranquilos. No entanto, todas as atividades cessaram após o motim de militares”, explicou um dos missionários salesianos que trabalha em Bamako.
“Inicialmente muitas pessoas saíram às ruas da cidade para apoiar os militares, mas na parte da tarde foi determinado um toque de recolher das 21h às 17h”, explicam os salesianos.
“Hoje os missionários disseram que Bamako parece uma cidade fantasma. Não há pessoas na rua, as escolas estão fechadas, assim como as lojas os bancos, a administração... tudo parou depois do longo dia de ontem”, explicou Ana Muñoz, porta-voz de “Misiones Salesianas”.
Os missionários salesianos presentes no Mali afirmaram que agora temem as consequências da revolta. O fechamento das atividades imposto após a confusão pode gerar graves consequências. “As fronteiras fechadas por causa do Covid-19 haviam sido reabertas há pouco e a preocupação agora é o aumento dos preços dos produtos básicos e dos combustíveis”, dizem.
Há anos o Mali vive uma grande insegurança causada por ataques de grupos jihadistas, especialmente no norte do país, à qual se soma a tensão política dos últimos meses. “Parte da população exigia a renúncia do presidente Keita, no início de julho já haviam ocorrido confrontos graves, com motins, que causaram a morte de pelo menos 10 pessoas”, acrescenta Ana Muñoz.
Os missionários salesianos trabalham no país desde 1982 apoiando os jovens mais vulneráveis. Hoje existem escolas profissionais e secundárias nas cidades de Bamako, Sikasso e Touba. “No momento, Misiones Salesianas” pede um diálogo entre todas as partes, para evitar outros graves eventos que levariam a um derramamento inútil de sangue e esperam que “tudo volte ao normal e à ordem constitucional o mais cedo possível”.