"Foi dada uma visão geral sobre a saúde mental de jovens e adolescentes, abordando variadas facetas relevantes para a nossa ação educativo-pastoral: a educação das competências emocionais; o cuidado com os relacionamentos e vínculos nas redes de apoio (família, amigos, colegas, educadores); o foco no processo educativo. Importa igualmente trabalhar alguns fatores de proteção do bem-estar mental: hábitos saudáveis, conexões sociais de apoio e a capacidade de gerenciar os desafios que a vida apresenta", explica Antonella Sinagoga, coordenadora da iniciativa.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, um em cada sete jovens, entre 10 e 19 anos, sofre, no mundo, de algum transtorno mental, como ansiedade, depressão, transtornos comportamentais, como transtorno de déficit de atenção e hiperatividade, transtorno antissocial ou automutilação e pensamentos suicidas. Os transtornos alimentares, como bulimia ou anorexia, estão associados a uma taxa de mortalidade mais alta do que qualquer outro transtorno mental. Surpreende que o suicídio seja a principal causa de morte de jovens de 15 a 19 anos, com um risco significativamente maior para grupos marginalizados e discriminados.
As sessões de formação abordaram determinadas atitudes por parte dos educadores: ouvir ativamente os adolescentes e deixar que eles expressem o que sentem e o que os preocupa; evitar julgamentos e preconceitos; oferecer o máximo de segurança e tranquilidade; demonstrar afeto e cuidado; mostrar disposição para ajudá-los e acompanhá-los; apoiar as famílias e os responsáveis para que possam entender melhor suas necessidades; garantir que as escolas apoiem a saúde mental e representem ambientes protetores para o bem-estar emocional; garantir que todas as presenças salesianas tenham planos de acompanhamento, prevenção e cuidado para que não caiam em maior vulnerabilidade.
Tudo isso forma um conjunto de fatores entrelaçados que podem ajudar a prevenir e acompanhar possíveis transtornos nos jovens. Será que realmente temos consciência de quantos adolescentes estão sujeitos a processos de isolamento social? Ou de quantas crianças e adolescentes sofrem ‘bullying’ em casa, por exemplo?
Na presença salesiana, é importante acompanhar os ritmos e as sequências diárias em todas as esferas: no ambiente escolar, para garantir que as atividades e o desempenho escolar sejam monitorados; nas relações interpessoais, para verificar eventuais desequilíbrios e distúrbios na interação com a família, amigos, colegas, educadores e isolamento, ou nos momentos de lazer, para verificar o abandono de rotinas. E é muito importante prestar atenção a certos sintomas relacionados com o humor (por exemplo, tristeza, irritabilidade, sensação de vazio) ou com a ansiedade (sensação de perda de controle, pensamentos obsessivos, déficits de memória, atenção, indecisão e insegurança). Da mesma forma, há que dar atenção a alguns sintomas fisiológicos orgânicos, como taquicardia, formigamento nos membros, tensão muscular ou falta de ar...
"Espera-se que esta proposta de formação abrangente ajude a ampliar e difundir o conhecimento sobre aspectos fundamentais para a saúde e o desenvolvimento integral dos jovens. Para tratar a saúde mental, é essencial integrar as ciências humanas, focadas no significado e nos valores, com a sabedoria da Espiritualidade Cristã, como um antídoto para a ansiedade, a depressão, a falta de sentido e o sentimento de solidão que afligem nossos jovens" – foi a síntese pessoal do P. Miguel Angel García Morcuende, Conselheiro Geral para a PJ.
