Itália – Viver num mundo digitalizado. Um convite a cultivar um olhar profundo
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15 abril 2020

(ANS – Roma) – Estou conectado; logo, existo! Poderíamos resumir assim o fenômeno que vê o mundo jovem cada vez mais imerso na rede virtual. A vida real tende a se confundir com a interação contínua nas redes. Neste novo mundo, o que realmente falta, do ponto de vista educativo, é a possibilidade de assistência no sentido clássico do termo: a mídia pessoal é individual e incentiva um uso "não social" e não acompanhado; é o jovem que decide com quem se conectar e com quem se relacionar.

O fulcro de uma decisão é a pessoa, considerada responsável e capaz de tomar as melhores decisões. Sabemos, no entanto, que nem sempre é assim. A rede não só enfraquece o discernimento profundo da realidade e afrouxa o espírito crítico, que geralmente demanda concentração e distância reflexiva, mas também expõe as pessoas a oportunidades não filtradas de cair em comportamentos (pornografia, sexting, jogos de azar online...) que, além de ser moralmente questionáveis, apresentam o risco de se tornar patológicos, rompendo o tecido social, cultural e moral compartilhado.

No caso dos jovens, este fato pode aumentar a dificuldade no esforço para se tornarem adultos.

Um enfraquecimento e uma fragilização maior do ser humano são consequências inevitáveis ​​do fato de estarmos submersos numa enorme quantidade de material de comunicação.

A identidade dos jovens hoje se forma cada vez mais em âmbito midiático e de forma cada vez mais ligada ao consumo de produtos oferecidos constantemente pelo mercado global. Tal consumo é invariavelmente sustentado por pesquisas que se baseiam nos gostos e preferências atestados pelas redes sociais. "Na sociedade contemporânea é sobretudo o consumo durante o tempo livre que proporciona, aos mais jovens, os materiais simbólicos e expressivos que usarão na construção da personalidade" – explica Geraldina Roberti. Os modismos adquirem, assim, uma força irresistível que provém do desejo de preencher vazios, uma característica estrutural do ser humano e que somente a experiência do amor autêntico – que não é virtual – pode preencher.

O que acontece hoje é um processo ‘imparável’ do "instrumento", que tende a transformar-se em "mentor", acrescenta Pierangelo Sequeri.

A estratégia para sair do possível desvio "idolátrico" das ferramentas de comunicação é, antes de tudo, reconhecer sua funcionalidade meramente instrumental, à qual elas devem voltr. A redescoberta da linguagem humana, em sua riqueza e expressividade, representa a primeira estratégia vencedora: uma relação rica, afetuosa e comunitária, capaz de restaurar a razão humana. Também precisamos do senso crítico do educador. Se os adultos forem maduros na gestão das ferramentas de comunicação social, criam-se condições para uma aliança que leva em consideração o uso eclesial do potencial da rede, corresponsabilizando os próprios jovens a combinarem, assim, suas competências em multimídia com a experiência dos adultos. Do ponto de vista pastoral, é importante, portanto, não apenas alertar os jovens mas realizar uma verdadeira catequese dos adultos.

Assim como fizeram os Padres da Igreja quando se confrontaram com o extraordinário legado da cultura grega – entre as oportunidades e os perigos da rede, é necessário "examinar e avaliar tudo", sempre cientes de suas perigosas ilusões e armadilhas. Todavia, guiados pelo Espírito Santo também será possível descobrir preciosas ocasiões para conduzir os homens a Deus.

O anúncio requer relações humanas autênticas e diretas: a internet não é suficiente; tampouco o é a tecnologia. Mas a presença da Igreja na Internet não é inútil; ao contrário, é essencial estar presente, sempre com um estilo evangélico, naquele que para muitos, especialmente os jovens, se tornou uma espécie de ambiente de vida.

InfoANS

ANS - “Agência iNfo Salesiana” - é um periódico plurissemanal telemático, órgão de comunicação da Congregação Salesiana, inscrito no Registro da Imprensa do Tribunal de Roma, n. 153/2007. 

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