Os destinatários das epístolas são, como de costume, mui diversos entre si: globalmente, 45% das cartas se dirige aos benfeitores; pouco menos de 40% se dirigem a expoentes do Clero. Os assuntos tratados, numerosíssimos, são facilmente individuáveis através dos vários índices finais.
O volume se distingue dos precedentes por algumas particularidades: em primeiro lugar, pelo fato de que pelo menos 25% das cartas estão em língua francesa – num francês mais “falado” que escrito e de “sabor” italiano mais que ‘d’Oltralpe’ (d’além Alpes). Em segundo lugar, o destinatário com maior número de cartas é uma quadragenária benfeitora francesa, Claire Louvet, que desde este momento entretece com Dom Bosco um denso carteio de índole espiritual, continuado praticamente até à morte do santo.
Trata-se por último de um ‘corpus’ de ‘cartas’, mais da metade escritas longe de Turim-Valdocco. Com efeito, ao longo do biênio considerado, Dom Bosco esteve “fora de casa” globalmente doze meses, seis dos quais na França.
Bastam estes poucos dados para alertar do valor histórico-biográfico-espiritual dessa correspondência. O fio vermelho que coliga as cartas entre si é a cotidianidade da vida de Dom Bosco, tecida de grandes eventos (longas viagens, triunfo de Paris, densa expedição missionária, fundação de novas casas, empreendimento patagônico, primeiras nomeações episcopais salesianas, sofrido desenlace do ácido entrevero com o Arcebispo Gastaldi…), sobretudo de compromissos cotidianos: encontros comunitários, audiências particulares, estudo, leitura, visitas a benfeitores…
O que emerge é um Dom Bosco total, que, embora fisicamente frágil, se dedica completamente a manter viva a Congregação, e consolidá-la (ela já caminha com as próprias pernas, mas Dom Bosco lhe continua, ainda que de longe, na chefia); é o ponto de referência para os maiores problemas, o procurador de recursos econômicos essenciais ao desenvolvimento, o defensor das próprias convicções, “o pai e mestre” vigilante dos jovens, dos coirmãos, dos correspondentes.
Não é certamente a “sombra de si mesmo”, como foi dito: sê-lo-á depois, qual no-lo mostrarão os dois próximos volumes.